Amigos Conquistados

domingo, 31 de outubro de 2010

Dilma Presidente

O que eu posso dizer? A essas alturas o coração dispara.
Dilma Presidente.
Que bom poder construir essa história.
É maravilhoso.

sábado, 16 de outubro de 2010

CARTA ABERTA DA COMUNIDADE FAFICH e UFMG Voto Dilma em Defesa da Ética, da Justiça Social e da Diversidade

Disponível em: https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dGhsZFdfUXZYd3RnN0lubzh1NElfMFE6MQ para ser preenchido on line.


Consideramos que a ética, na condução de uma campanha política, não pode ser ultrapassada por uma simples vontade de vencer. Chegar ao poder a qualquer custo nos impossibilita de percebermos os limites éticos necessários para a condução da política. É preciso reafirmar a crítica aos modos autoritários, desonestos e elitistas de se fazer política como um caminho necessário para mantermos o respeito pelas conquistas históricas que nos constitui como povo.

Apesar de toda a violência instalada na constituição do estado brasileiro, precisamos identificar as forças progressistas que alimentam o desenvolvimento e a autonomia do povo brasileiro. Todos nós somos co-responsáveis pelos modos como os preceitos básicos da cidadania neste país são sustentados. Consideramos que a ética na condução da política, a justiça social e o respeito à diversidade humana são parte fundamental destes preceitos e, por isto, cada um de nós precisa se conscientizar de seu papel na superação dos entraves que impedem a expansão destes princípios.

Estas eleições trouxeram mais uma vez à baila a discussão alguns dos chamados temas polêmicos ou controversos. Embora de modo espetacularizado e simplificado as discussões sobre aborto, reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo e outros, trouxeram a tona toda densidade dos valores morais de nossa sociedade. A discussão em torno destes temas nunca será consensual, estes são temas polêmicos de difícil consenso e, por isso, estão afeitos ao legislativo onde a diversidade que nos constitui encontra seu lugar de disputa, embates e negociações.

De forma despolitizada e descontextualizada estes temas têm sido utilizados de todas as maneiras pelo candidato José Serra para atacar sua adversária, Dilma Rousseff, em total desrespeito às discussões, disputas e negociações que a sociedade brasileira vem tendo ao longo de muitos anos de nossa história. Estratégias como esta nos mostram como a velha política, ultraconservadora, na qual as versões antecedem está viva, pronta para se reciclar a cada instante, se recusando relegar seu vigor ao passado, este passado mesmo que histórica e cotidianamente lutamos para superar.

É nossa força de mobilização em torno do que acreditamos e defendemos que dita a força com a qual estes temas chegam ao nosso legislativo. Exigir que uma candidatura a presidência da república fique refém de disputas sobre as quais não pode decidir, porque este não é seu papel em uma democracia, é no mínimo desconhecer as funções do poder executivo em uma república e uma grave distorção ética na disputa eleitoral.

Neste contexto, esta campanha toca em uma questão fundamental para a democracia que são as relações entre o executivo e o legislativo. A candidatura José Serra, pelas formas que vem utilizando para tocar sua campanha e adentrar o espaço público brasileiro, anula uma boa parte de nossa historia de conquistas democráticas desde a proclamação da república em 1889.

Sem uma proposta programática, o candidato José Serra impõe uma gramática menor e mesquinha ao debate político atacando conquistas elementares de uma nação. Uma nação que custou muito para incluir a diversidade dos modos de ser e de viver em sua pauta política, embora esteja longe de incluí-la de fato. Uma nação que lutou pela liberdade de seus poderes e que gradativamente têm se constituído como um espaço de respeito à cidadania.

É importante recordarmos que em um curto espaço de tempo saímos de uma sociedade escravocrata para uma nação que busca o reconhecimento da diversidade racial e o respeito da diferença; da relação Estado/Igreja para autonomia do Estado laico e as liberdade e tolerância religiosas; da invisibilidade da mulher a um duro e ainda inconcluso processo de conquistas na esfera pública; do lugar do preconceito, da discriminação e da violência para com os “diferentes” para a legislação de garantia dos direitos individuais.

A justiça social é fundamental para um país que se quer desenvolvido e em busca de um papel relevante no cenário mundial. Portanto, nestas eleições o que queremos é a manutenção e a ampliação do espaço democrático que todos nós conquistamos. A ética na prática da política e uma ética da política, em uma campanha eleitoral, pressupõem o embate de projetos de nação. Precisamos nos apoiar em projetos que devem ser maiores que interesses eleitoreiros e oportunistas de última hora.

Repudiamos, pois, todo tipo de “campanha” construída e mantida neste diapasão, que enfraquece, empobrece e limita a tomada de consciência dos eleitores/as do Brasil, assim como cerceia e omite da opinião pública as condições de enfrentar, de fato, o debate que interessa à nossa nação democrática. Assim, defendemos que as políticas de estado de promoção da igualdade racial sejam realmente efetivadas em nosso país, que as políticas públicas para as mulheres, crianças e adolescentes sejam aprofundadas e expandidas, que as políticas da área fundamental dos direitos humanos, em sua variedade e diversidade, venham, de fato, a compor de modo propositivo a nossa agenda governamental, aquela que deverá ser responsável por dar continuidade à construção de um futuro realmente democrático e republicano para todos os cidadãos e cidadãs brasileiras/os como está estabelecido no Artigo 3º da nossa Constituição Federal de 1988:
“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. (CF 1988).

Acreditamos que é a candidatura de Dilma Rousseff aquela capaz de, neste momento histórico, dar prosseguimento às conquistas por direitos com a efetiva expansão da justiça social e o reconhecimento de nossa diversidade, um movimento que apenas começamos a identificar no Estado laico brasileiro. É esta agenda aquela que será capaz, de fato, de reconhecer a força dos diferentes atores e atrizes sociais de nosso país e garantir-lhes o empoderamento social que reivindicam por direito e que devem ser experimentado na prática por uma questão ética, de solidariedade e de justiça social.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Comentário

Publico o comentário
soseducaopblica disse...

Precisamos garantir os avanços, pois na hora do voto, temos o dever e a obrigação de escolher o que é melhor para todos. Nesta hora não devemos nos guiar apenas pelos nossos interesses pessoais, pois o bem estar do próximo será também o meu.

É curioso que em nome da religião, aqueles que estão atacando a Dilma se dizem defensores da vida, entretanto estão se esquecendo de lições importantes presentes no Evangelho que é o amor ao próximo, o perdão e a tolerância.

Sou contra o aborto, entretanto simplesmente boicotar a Dilma, não vai fazer diferença, pois na clandestinidade ele vai continuar sendo praticado e milhares de mulheres continuaram perdendo suas vidas. Podemos defender a vida e lutar contra do aborto sem apelar para a hipocrisia e o farisaísmo como vem fazendo os tucanos e a massa manipulada
por eles

Uma boa idéia seria a discussão em torno de uma educação sexual de qualidade, do desenvolvimento de políticas bem estruturadas de planejamento familiar, disponibilização da laqueadura no SUS, e principalmente ensinando à nossa juventude o respeito aos direitos do próximo nas escolas.

Os religiosos que estão engajados nesta campanha anti-Dilma, deveriam aplicar as suas energias promovendo uma evangelização real dos seus seguidores e lutando contra a mídia que promove a erotização das crianças e o tabu que envolve a discussão sobre o sexo.

O que vai realmente pode deter o número alarmante de abortos praticados no nosso país, que mesmo sendo proibido por lei é praticado, é a educação e a melhoria das condições de vida do povo. É a miséria que leva muitos casais a eliminar a nova boca excedente via aborto para não comprometer a sobrevivência dos filhos já existentes. O preconceito e a intolerância religiosa que leva muitas jovens evangélicas e católicas a abortar. Algumas denominações expulsam as jovens da Igreja e a família também adota o mesmo procedimento.

A lei apenas, pouco vai fazer para erradicar o aborto, mas a melhoria da educação laica e religiosa, e, sobretudo a diminuição das desigualdades sociais poderão fazê-lo.

Votarei na Dilma, pois vejo e aprovo a atuação do PT no combate à desigualdade social e na luta para melhorar a educação, coisa que para os tucanos deve ficar para o futuro. A solução da questão social para o Serra e o grupo que ele defende e representa, é na base do cassete e da repressão.

Votem 13 e mantenham o Brasil no rumo da dignidade, da igualdade social, da democracia e do bem estar social.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Lembranças

Quando o Carlinhos pisou pela primeira vez em um centro de terapia renal substitutiva, em 1992, as coisas eram muito difíceis. Até as informações eram poucas. Havia um pacto de silêncio em torno do tratamento. Lembro que, para ser construída a primeira fístula do Carlinhos, tivemos que comprar a linha de sutura a ser utilizada na cirurgia. Até exames que foram feitos naquela época, mesmo com o Carlinhos internado, nós precisamos pagar. Naquela época ainda não se fazia o teste para detectar o vírus da hepatite C e, provavelmente, em uma transfusão de sangue, o Carlinhos foi premiado com o ANTI HCV POSITIVO, descoberto tempos depois quando já estávamos em BH.

Lembro que, naquela época, mesmo em BH, não havia distribuição de medicamentos especiais para os pacientes renais crônicos e eles eram obrigados a receberem transfusões de sangue periodicamente para manter razoáveis os níveis de hemoglobina. Havia muita, muita dificuldade para se conseguir uma vaga na hemodiálise. Hoje o acesso ao tratamento está muito mais democratizado, mesmo que hoje ainda soframos com carência de vagas. Naquele tempo para um paciente renal crônico em programa de hemodiálise conseguir um cartão de passe livre só seria possível se um daqueles que tivesse o passe morresse para dar a vez para outro na fila.

Não sou uma profissional da saúde, sou apenas usuária do SUS. De um SUS que trata muito bem seus pacientes. Tivemos acesso, nesses 18 anos de tratamento aos melhores médicos do país, às melhores clínicas e, de 2003 para cá, o acesso a um avanço tecnológico impressionante no que concerne às terapias renais substitutivas. A melhora das máquinas de hemodiálise, a capacitação cada vez maior dos profissionais atuantes na área, a humanização do tratamento, tudo tem contribuído para a melhora da qualidade de vida dos pacientes renais crônicos.

As coisas mudaram muito e mudaram para melhor. Há oito anos seria quase impensável um paciente optar pela DPA (Diálise Peritoneal Automatizada). Fosse pelos mitos que se formaram entre os pacientes renais crônicos (leia-se falta de informação), fosse pela dificuldade (leia-se impossibilidade) em se conseguir uma "cicladora". Como na propaganda eleitoral de Dilma, a cicladora poderia ser, naquela época, considerada "coisa de rico". Quando hoje os médicos e enfermeiros consideram a DPA como um tratamento às doenças renais crônicas.

O Brasil mudou para melhor em tudo nesses oito anos. Muito! Especialmente para os pobres. Sei, e aprendi isso de uma forma trágica quando perdi meu irmão há quatro anos, que ainda há muito que se fazer no país, principalmente na questão que envolve a saúde do povo brasileiro. Muito mesmo. Mas já foi muito pior. Lembro que já perdi um primo com dengue hemorrágica. No Pará em mesma já tive dengue duas vezes. Lembro que outro primo morreu com leptospirose por conta da demora de quase um mês no diagnóstico.

Há muitas lembranças ruins que guardo dos governos anteriores aos do Presidente Lula. Essas lembranças me fazem tremer ao pensar no retorno de um governo desses. Por isso, no primeiro turno das eleições para presidente votei em Dilma. E votarei nela novamente no 2º turno. Tenho certeza de que muito ainda há de ser feito pela primeira mulher a ser presidente do Brasil. Por isso que eu voto na Dilma.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O sonho e a realidade


Nesses dias muita coisa tem acontecido. Se os amigos blogueiros pudessem saber eu lhes contaria. Na verdade se eu pudesse falar todos se indignariam. Assim vamos vivendo em uma sociedade hipócrita, onde precisamos agir com estratégias para derrotar o sistema e fazer o que deve ser feito. Mas não me queixo, nasci assim, revolucionária. Nada me desanima. Nem mesmo a ignorância de certas pessoas que servem apenas de anéis para certos outros que se pretendem dedos.


Uma coisa que deixou impressionada foi o resultado das eleições. Não para presidente porque tinha certeza de que a candidata Dilma seria eleita no primeiro turno. Lamentavelmente há muitos velhos parasitas que sonham em se perpetuar no poder e que tentam a todo custo impedir a consolidação da democracia. Ainda não entenderam que democracia é o povo no poder, não o demônio no poder (apesar de muitas pessoas não acreditarem, o mal existe). E se utilizam das estratégias mais sórdidas para isso. Os revolucionários são, de certa forma, ingênuos, e acreditam na bondade e retidão do coração das pessoas. Esquecem que existe gente capaz de se vender por qualquer quantia. Até mesmo por quinze reais.


Mesmo assim sonho com uma sociedade justa. Onde os alunos possam ir a uma escola bem equipada, com professores bem formados que não precisem fazer voto de pobreza e de obediência ao sistema. Sonho com hospitais bem estruturados, sem essas filas de doença, com vagas suficientes nas UTI's, acesso a tratamentos e medicamentos à altura do que merecemos e das pesquisas desenvolvidas pelos cientistas brasileiros.


Sonho com muitas outras coisas que já venho postando aqui nesses 18 meses de trabalho. Alguns desses sonhos talvez eu consiga ver realizados. Outros eu vou beliscando pelo meio do caminho. Já disse aqui em outra ocasião que quem não luta não vence. Eu nunca desisto. E sinto que está chegando uma nova era. Nessas eleições minhas esperanças foram renovadas, assim como o Senado Brasileiro. É preciso acreditar em um futuro melhor e mais digno. Eu acredito.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Diálise Peritoneal Automatizada

Quero dividir com os amigos uma imensa alegria. Todos ou quase todos os que me conhecem sabem da luta que tenho lutado a vida inteira desde 1991, quando casei. Hoje a luta árdua tornou-se senão mais leve, pelo menos, menos pesada. Após muitas idas e vindas, desde o início de agosto até agora, finalmente conseguimos terminar treinamentos e experimentos para iniciar a Diálise Peritoneal Automatizada, de Carlinhos. Estou aqui ao lado de meu amor, estudando, organizando projetos, repensando a vida e vendo como tudo é bom.

A vida tem sido boa e tem me dado amigos que me apoiam e se alegram com minha alegria. Se eu não tivesse lutado tanto ao lado de meu grande Guerreiro iria achar que estou sonhando, tanta é a felicidade. Chegar até aqui não foi fácil. Mas daqui posso olhar para trás e ver o quanto as coisas podem melhorar sempre. Porque a experiência me diz que elas já foram muito ruins, com muitos dias sem esperança e com problemas de verdade. Perdas de verdade. Dinheiro, poder, bens materiais de toda ordem não importam.

Importa amar incondicionalmente. Amar de verdade. Não importam as humilhações, os dias de desespero, a saudade, a tristeza. O amor sempre vence. Meu amor pensa que seria melhor se o rim dele funcionasse. Ou que um novo transplante pudesse ser realizado. Penso também. Seria excelente. Mas a vida é assim. Não é possível que tudo seja do jeito que a gente quer. É possível lutar para que as coisas melhorem. E luto sempre com a certeza da Victória. Lutamos!

Dessa vez estamos apenas começando. E começando muito bem.

Um abraço a todos os que se alegram com minha alegria.
Silvia.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Por se tratar de um assunto que me emociona profundamente reproduzo na íntegra o post do Blog Educação Encarcerada, um blog " criado por integrantes do NEPFHE (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Filosofia e História da Educação) da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). O Núcleo de Pesquisa é coordenado pelo professor Laurici Vagner Gomes.

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

Por: Leonardo Boff*
*
Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o "silêncio obsequioso" pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o "Brasil Nunca Mais", onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário. Esta história de vida me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a mídia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
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Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como "famiglia" mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
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Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha. Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.
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Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), "a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogressista, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo -Jeca Tatu-; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)".
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Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável. Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coronéis e para "fazedores de cabeça" do povo. Quando Lula afirmou que "a opinião pública somos nós", frase tão distorcida por essa mídia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da mídia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.
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O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.
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Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituídas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.
*
O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.
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O que está em jogo neste enfrentamento entre a mídia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?
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Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da mídia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.
*****
* Teólogo, filósofo e escritor - Representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra]. http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=51181

domingo, 19 de setembro de 2010

Sociedades em rede e a EAD

O planeta atravessa uma etapa de rápidas e enormes transformações. E, de acordo com PRETTO (2008): “A Internet passa a fazer parte da realidade do mundo acadêmico e, rapidamente, vai se despontando como importante elemento de conexão entre equipamentos e, com isso, introduzindo novas formas de se produzir conhecimento e cultura ”.

Nesse panorama, a importância de se estudar os Fundamentos da Educação a Distância é que, segundo NEVES, (apud Campos et al, p. 1) “a EAD não é um modismo: é parte de um amplo processo de mudança que inclui não só a democratização do acesso a níveis crescentes de escolaridade e atualização permanente como também a adoção de novos paradigmas educacionais”. É importante considerar que é preciso conhecer o que há de disponível em relação às tecnologias, mas que isso não é mais importante que os benefícios que essas tecnologias possam trazer para a vida das pessoas que fazem uso delas.

Em RAMAL, 1996 há a preconização de um novo perfil de professor: “Com efeito, se não houver uma preparação consistente do professor que lidar com esses meios, muitas vezes tais atividades terão pouca validade pedagógica. A utilização da informática e da Internet na escola pode correr o risco de se fechar em si mesma, isto é, no uso do computador pelo computador. ” Ainda de acordo com RAMAL é preciso dar ao estudante um novo lugar na construção de seu conhecimento: o papel de sujeito ativo, centro do processo, um agente de construção de novas realidades.

Por isso o estudo dos fundamentos da EAD é imprescindível para aqueles que sonham com um novo paradigma de educação em rede, com uma sociedade mundialmente informatizada. Há que se deixar de lado paradigmas ultrapassados e compreender a complexidade das relações no mundo contemporâneo.

Texto produzido em setembro de 2010 para a pós-graduação em Planejamento, Implementação e Gestão de EAD, da UFF.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPOS Fernanda C. A.[et al.], Fundamentos da educação a distância, mídias e ambientes virtuais /. - Juiz de Fora: Editar, 2007.

PRETTO. Nelson, Educação e inovações tecnológicas: um olhar sobre as políticas públicas brasileiras . (disponível em http://www2.ufba.br/~pretto/textos/rbe11.htm )

RAMAL Andrea Cecilia. "Internet e Educação" in Rio de Janeiro: REVISTA GUIA DA INTERNET.BR, Ediouro, no 5., 1996.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Objetos de Aprendizagem

Objetos de aprendizagem: características e utilização

Objetos de aprendizagem são recursos pedagógicos digitais, lúdicos e dinâmicos que devem ser utilizados para incentivar a pesquisa e a construção de novos conhecimentos, além da incorporação didática das TIC's.

Para definir um objeto de aprendizagem (OA)

há o consenso de que ele deve ter um propósito educacional definido, um elemento que estimule a reflexão do estudante e que ele seja construído de forma que possa ser facilmente reutilizado em outros contextos de aprendizagem

(Macêdo et all, 2007).

Principais características de um OA.

Um OA deve ser organizado a partir de atividades que promovam a construção de um conhecimento significativo, que estimule no aprendiz a busca pela resolução de problemas de forma interessante e interativa. Um OA tem como características a adaptação às necessidades, habilidades, formação, interesses e estímulos cognitivos do educando, permitindo integrar conteúdo, ritmo e dificuldade, utilizando a internet/web como meio de acessibilidade. Um OA é também uma ferramenta que permite o aprimoramento do ensino interativo, favorecendo a aprendizagem e melhorando o processo de construção de conhecimento nas escolas.

A WebQuest como OA

De acordo com SILVA (2006) a internet deve ser vista como um poderoso manancial de informações. Isso pode, muito mais que ajudar, atrapalhar o estudante. Ao professor cabe direcionar e motivar a pesquisa escolar através da Internet/Web, direcionando os alunos a questionamentos com o intuito de alcançar melhores resultados em suas atividades de pesquisas escolares. A ferramenta WebQuest (questões da web) é facilitadora desse processo de construção significativa de conhecimentos, proporcionada por um software livre (PHPWebquest).

Ainda de acordo com SILVA (2006) a Webquest promove a aprendizagem colaborativa, que possibilita o alcance de objetivos para uma maior qualidade de ensino, reunindo propostas e soluções de vários alunos do grupo. proporcionando a responsabilidade do indivíduo tanto pelo grupo (coletivo) quanto pela sua própria aprendizagem.

A webquest é uma ferramenta que pode desencadear a produção de outros OA como blogs, vídeos, documentários, podcasts. Uma fonte impressionante de enriquecimento e valorização da concepção interacionista da educação: a de construção social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS. Gílian Cristina Webquest: metodologia que ultrapassa o ciberespaço. (disponível em http://www.webquestbrasil.org/node/4 e acessado em 16/09/2010).

LIMA. Márcia Deubiex Oliveira, et all. Tecnologia Assistiva - Sobre Objetos de Aprendizagem. Unesp (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=M7aHFTxX1pQ&feature=related e acessado em 16/09/2010)

MACÊDO. Laécio Nobre de, MACÊDO. Ana Angélica Mathias, CASTRO FILHO. José Aires de, Avaliação de um Objeto de Aprendizagem com Base nas Teorias Cognitivas . SBC: Rio de Janeiro/ RJ. Julho de 2007.

SILVA. Karine Xavier Soares, Webquest: uma metodologia para a pesquisa escolar por meio da internet .Brasília: DF. 2006. (disponível em http://www.webquestbrasil.org/node/4 e acessado em 16/09/2010).

SOUZA. Silvia Suely Amaral de, Cordel: Literatura Popular do Nordeste. (webquest criada em agosto de 2010 para promover a construção de conhecimento de forma colaborativa. Disponível em http://www.webquestbrasil.org/criador/webquest/soporte_tabbed_w.php?id_actividad=19552&id_pagina=1 e acessada em 16/09/2010)

sábado, 4 de setembro de 2010

Blogs Sujos

O candidato à Presidência da República, José Serra, em entrevista ao Jornal da Globo “falou em “blogs sujos” sem dizer quem são”. Fiquei pensando que o PSDB é assim mesmo. Lógico que fiquei chateada porque meu blog, como os dos colegas que sigo, é limpinho.

Como muita gente sabe, geralmente não durmo durante a noite. Então, nesse sábado de reposição, fomos trabalhar pela manhã: uma estratégia para ver o aumento do número de alunos na escola. Deu certo. Não tinha dormido ainda. Cheguei em casa um pouco antes da uma da tarde, hora em que geralmente estou saindo, já que moro pertíssimo da escola. Fui dormir.

Acordei com um chamado deste blog para falar da cara de pau do candidato ao governo de Minas no Programa Eleitoral de ontem. Estava eu pelejando numa luta sem fim com o BASE do BROFICE com a TV ligada no Horário Eleitoral. Não estava assistindo, mas tenho essa mania de ficar com a TV ligada o dia inteiro. Sei lá... Aqui em casa tem TV espalhada por todos os cômodos. Já lamentei muito por não ter uma TV no banheiro. De repente ouvi o Senhor Aécio Anastasia, perdão, Antônio Anastasia, dizer que efetivou os contratados da Lei 100 como se estivesse falando de um feito maravilhoso.

Sinceramente, não tenho nada contra meus colegas “efetivados”. Mas é consenso que essa manobra política de efetivar os contratados é ilegal, já que tal fato se deu sem a realização de concurso público. Isso já é de arrepiar os cabelos. O pior e inimaginável é um candidato à vaga de Governador de Minas Gerais utilizar de uma manobra completamente ilegal para se promover dessa forma.

Desculpem aqueles que vão dizer que não tenho que ver com isso, porque nem mineira eu sou. No entanto tenho a meu favor o fato de que sou brasileira e vivo sob a mesma Constituição. Além de tudo sou Professora. Designada também na rede estadual e esperando o edital do concurso, após a histórica luta dos 47 e sete dias, como gosta de chamá-la meu colega Euler Conrado.

E é exatamente escrevendo sobre o colega Euler que quero terminar meu post. Ao ligar o computador vejo a notícia: Demissões e remoção na escola do coordenador deste Blog: governo de Minas inicia vingança? .

Primeiro veio a revolta. Claro. Fazer isso com um companheiro de luta, um Professor que só faz o que tem que fazer, porque a sociedade não espera menos de um Professor, pelo menos de um Professor de História. Os que não estão na luta são os que estão enganados. E muito. Depois veio a reflexão: há que se tirar algo dessa história.

Depois de tanto golpe desse governo, que já deu tanto tiro no pé tentando transformar os trabalhadores da educação em criminosos, é possível que ele tenha partido para o lado pessoal, afinal Euler nos manteve informados a respeito de todas as manobras do “Faraó” e seu afilhado (expressões de Euler) durante a greve e, principalmente, agora no pós-greve.

Será que eles pensam que essas coisas ainda são resolvidas assim? Mais tiros no pé. Bem que mereceram todos a cerimônia de desmedalhamento no ato público de São João Del Rei no dia 21 de abril. Queria saber onde foi que esse povo do desgoverno aprendeu esses conceitos de Democracia.

Será que eles não sabem que as sociedades se formam em rede e que, em breve, haverá muitos eleitores, dentre eles milhares de professores, que influenciam o voto de outros milhares, sabendo de mais essa página triste da história dos mineiros, nesse governo que, entre muitas outras tristes coisas, efetiva funcionários sem concurso público, criminaliza um movimento justo de trabalhadores da rede pública estadual (com a ajuda de um judiciário com j minúsculo e a conivência de uma parte da imprensa)?

Será que eles não sabem que, além de procurar seus direitos, o Professor Euler jamais se calará? Quero me solidarizar com o Professor Euler. Dizer a ele que pode contar com meu apoio. E convido os colegas.

Juntem-se!

Unam-se!

Abraços da Silvia

sábado, 21 de agosto de 2010

Como o Estado trata os Professores e a Sociedade

Na contramão de tudo o que é bom, honesto e digno, contra tudo em que o professor de escola pública acredita, vem o governo estadual mineiro e passa a fechar diversas turmas com "poucos" alunos. Não venho aqui usar esse espaço para reclamar porque "perdi" uma de minhas turmas. Talvez perca até as duas, quem sabe.

A essas alturas, depois de uma greve, há mesmo turmas com seis, sete alunos frequentes. Casos que, realmente, precisam ser revistos. Mas há que se concordar que nem todas as turmas "fechadas" pela SEE se enquadram nessa realidade.

Em uma das turmas há 21 alunos frequentes que serão remanejados para turmas compostas por 35 e 30 alunos, respectivamente. Uma ficará com 45 alunos e outra com 41 alunos. O governo de Minas deveria se envergonhar de promover uma prática dessas. Tenho certeza que isso não está acontecendo só aqui em Contagem. Quando os professores entram nessas salas não conseguem escrever no quadro sem esbarrar na carteira de algum estudante.

É o respeito devotado não só aos educadores, que adoecem às pencas, como observamos em nossas rotinas, mas aos estudantes da Educação Básica de Minas Gerais. É cair do céu de Confins ao inferno da realidade dura e cruel que nos cerca.

Quero aproveitar o espaço e mandar um grande abraço ao Professor Anastasia e dizer a ele que nem eu e nem ninguém da minha família (e de muitas famílias que eu conheço) votaremos nele para que ele continue com esse governo de falta de respeito ao educador das Gerais.

E, para terminar, quero só lembrar um refrão das caminhadas pelas ruas de Belo Horizonte nos dias das Assembleias da categoria:

"1, 2, 3
4, 5.000
Nós é que fazemos
A História do Brasil."





Produção de Materiais Didáticos para a Diversidade

Saí hoje de um encontro presencial (o primeiro) do curso ofertado pela UFMG, no polo UAB de Confins. Lá pudemos refletir sobre a autoria a partir do texto "Autor e Autoria" de Gilcinei Teodoro Carvalho. Uma discussão muito produtiva no sentido em que tive a oportunidade de pensar com mais clareza sobre as práticas que os professores tanto repudiam e que os estudantes aprendem de nós, seus professores: o control c+control v. Há muitos aspectos do texto que merecem ser discutidos, pensados e repensados pelos educadores do Brasil.

Também esteve presente no encontro a Pesquisadora Mariza Guerra de Andrade, para falar de um assunto de minha paixão: o patrimônio cultural. O tema da palestra da Professora Mariza: O Patrimônio na perspectiva da diversidade. Pena que foi pouco o tempo pra falar de um assunto tão vasto, tão significativo. A Professora Júnia Sales Pereira, coordenadora do curso, informou que haverá mais discussões sobre esse assunto.

Para iniciar a discussão assistimos ao curta "Dona Cristina Perdeu a Memória".

Antes de tudo isso, ainda pudemos assistir à Chimamanda Adichie: O perigo de uma única história
Se puder, assista ao curta e à palestra da romancista nigeriana Chimamanda Adichie. Você vai gostar, tenho certeza.

Saí desse encontro com uma vontade muito grande de fazer muitas coisas de forma diferente. A única vontade que não dá pra mudar é essa de ser Professora. Investir na minha formação é muito, muito gratificante mesmo.

Silvia.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Quem não luta não vence.

Durante o primeiro semestre, enquanto lutávamos na histórica greve de 47 dias, em Esmeraldas (região metropolitana de Belo Horizonte) o Sindiute (Subsede Betim) promoveu junto à categoria a campanha salarial 2010. Uma greve de dez dias fez com que conseguíssemos alcançar algumas conquistas e consolidar outras.

Entre as conquistas para a categoria está um aumento salarial de 15% para os professores, que está sendo implementado gradativamente desde o mês de junho. Estava na pauta, e também foi acordado pela Comissão de Negociação, a eleição para diretores das escolas municipais até o final do ano de 2010. Também a categoria pede a realização de concurso público, ainda este ano.

No entanto, o que quero comentar aqui é a respeito da consolidação de uma conquista que vem sendo implementada desde a campanha salarial de 2009: a redução da jornada de trabalho do administrativo. Hoje foi o primeiro dia na rede que os funcionários do administrativo cumpriram a carga horária de seis horas.

Essa conquista é fruto de muita luta. E só foi possível pela união de todos os que a lutaram. Quero externar minha felicidade em ter participado dessa mobilização. Estou muito satisfeita com o resultado. E, no ano que vem, quando começarmos uma nova campanha salarial, espero que o e o resultado das campanhas de 2009 e 2010 seja estímulo para todos os companheiros da Educação em Esmeraldas.

Agradeço ao Sindiute Betim o apoio e o empenho na campanha, mesmo sem a contribuição dos servidores da rede municipal ao Sindicato, já que a Prefeitura ainda não promoveu o desconto em folha.

domingo, 1 de agosto de 2010

Concurso Público SEE 2010.

Finalmente alguma notícia a respeito do concurso público da Secretaria Estadual de Educação/MG. Não é possível dizer que seja uma boa notícia. No entanto é importante no sentido de mostrar que o Sindicato está atento às manobras governamentais para descumprir sistematicamente o acordo com a categoria.

Para os amigos Professores é bom que comecem a se preparar. Depois da repercussão de nossa greve histórica (como gosta de chamá-la nosso colega Euler Conrado, do blog do Euler) deverá ser um concurso concorridíssimo, com candidatos de todo o país querendo aportar por aqui. Estudar é preciso.

sábado, 31 de julho de 2010

Os amigos

Amigos. Tenho sofrido com as ausências deles. Culpa minha de não parar quieta em lugar algum. Meus amigos são pessoas normais. Gostam de viver quietos, ter casa, família, emprego certo, a mãe por perto. Eu tenho uma vida de incertezas. A mim basta saber que minha mãe está lá e na hora que eu precisar sei que serei socorrida.

Dessa vez provei do meu próprio veneno. Minha amiga me deixou. Foi morar em Curvelo. E me deixou aqui morrendo de inveja. De inveja, de saudade, com a cabeça perturbada, cheia de preocupações. Mas que vida desgraçada! (desculpem os amigos mineiros, mas a palavra desgraçada não é palavrão no meu dialeto papa-chibé).

Preciso me aquietar. Mas essa inquietude não é culpa minha. É uma busca de não sei o quê, não sei onde. Os psiquiatras mais experientes talvez tenham por diagnóstico um tal transtorno por déficit de atenção acentuado por excessiva fé na vida, no amor e nas pessoas. Mas, dessa vez, o golpe foi duro. O que foi fazer aquela ingrata lá em Curvelo? Espero que tudo dê certo.

Acho que a vida nunca vai parar de me surpreender. Mas agora ela já está começando a me passar para trás.

terça-feira, 27 de julho de 2010

"Pauapixuna"


Uma cantiga de amor se mexeu
Uma tapuia no porto a cantar
Um pedacinho de lua nascendo
Uma cachaça de papo pro ar
Um não sei quê de saudade doente
Uma saudade sem tempo ou lugar
Uma saudade querendo, querendo
Querendo ir e querendo ficar

Férias só servem pra isso: dar uma tristeza sem fim no coração da gente. Estou eu aqui ouvindo essas músicas maravilhosas do Ruy e do Paulo André Barata na voz de sua melhor intérprete Fafá de Belém e do também inesquecível Walter Bandeira com uma vontade daquelas de voltar pra casa. O tempo que passo nas salas de aula da vida não deixa eu pensar nessa saudade que só falta me matar.

Quando estudava na UFPa tive a felicidade de conhecer o trabalho de Ruy Barata. E aprofundar o entendimento de minhas raízes culturais. Mal sabia que um dia iria derramar lágrimas e mais lágrimas com vontade de voltar pra casa, sem poder. E que Ruy iria me consolar. Foi Rogério, o Divino, quem me ensinou, entre outras coisas, a amar o Ruy.

E de repente comecei a pensar em ouvir novamente "Uma batida de remo a passar". Como nas noites enluaradas da minha vida ilhoa. Imagino a casa de meus tios abandonada lá naquele igarapé, tantos amigos deixados por lá. E tantos que não mais hei de encontrar. O que mais me impressiona é que não penso na minha própria casa na Belém Continental. Meu coração está a mercê das marés.

Maré de lance, meu tio dizia. Geralmente eu tinha medo das marés de lance porque elas estrondavam em meus ouvidos pouco acostumados a essas coisas de marés. Nessas ocasiões sempre pensava que o rio estava zangado. Talvez estivesse mesmo. Vai lá saber dessas coisas de rio. Mesmo assim gostava de ver o rio encher até não caber mais em si. E ultrapassar um limite que não era dele, mas apenas imaginado por nós.

Depois que passava a preamar vinha aquele mundo de água igarapé afora. Até o rio quase morrer transformado em um fio de água gelada. Siga os links acima e ouça/descubra (caso você não conheça ainda) o talento de Ruy Barata para fazer a gente pensar em coisas há muito esquecidas. Eu até sinto o arrepio provocado pela água gelada do rio na baixa-mar. Carlinho, com sua sabedoria e sensibilidade para as coisas da natureza, fala em preamar de enchente e preamar de vazante. Quisera eu poder esvaziar meu peito de toda essa tristeza que me invade. É maré de lance.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Vestibular UFMG: Será o fim do mundo?

Hoje foi a reunião anual dos professores do Ensino Médio com a Comissão Permanente do Vestibular (COPEVE MG). Fomos convidados para participar dessa reunião. Algo que, pelo que eu fiquei sabendo, acontece todos os anos.

Hoje é que ficamos sabendo oficialmente que a primeira etapa do Vestibular será feita através do ENEM. E, para o espanto geral dos professores de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, que apenas quatro cursos (Teatro, Dança, Letras e Comunicação) farão prova de Língua Portuguesa na segunda etapa do vestibular de tão renomada Universidade Federal.

Confesso que me retirei do auditório da Reitoria, antes da reunião acabar em sinal de protesto, juntamente com todos os professores que lá estiveram. Fiquei meio abestada com a situação. Saímos todos muito revoltados deixando lá a Comissão que elabora a prova de Língua Portuguesa. Os professores perguntaram a si mesmos e aos honoráveis membros da Comissão: Que Prova?" Ninguém soube responder.

O golpe mais duro foi a retirada da Prova de Literatura do Vestibular. Uma festa para quem já não gosta mesmo de ler. Conversando com os colegas na sala dos professores, parcialmente refeita do abestalhamento (há que ter tempo para assimilar uma notícia dessas) chegamos à conclusão de que há sim um objetivo muito perverso na organização desses movimentos: Deixar as pessoas cada vez mais alienadas. Fazer com que elas não entendam mesmo o que os políticos dizem. Pão e circo para o povo, que agora vai fazer a redação do ENEM, a prova de Literatura do ENEM, e tudo o mais do ENEM.

Claro que tentaram explicar. Tentaram até colocar uma historinha de lei, Ministério Público, Juiz... Não colou. Sinceramente: É o fim do mundo não cobrar Literatura no Vestibular. Segundo explicações, o Juiz Fulano de Tal exigiu que as chances deveriam ser as mesmas para quem leu o livro e para quem não leu: todos deveriam ser capazes de responder às questões da prova de Literatura lendo ou não os tais livros.

E, pasmem, essa decisão da retirada da prova de Literatura não foi atrelada ao ENEM. Antes de a Universidade aderir ao ENEM tal decisão já estava tomada. Em março.

Como se diz lá em Belém, é uma avacalhação. Talvez alguém deva achar que Literatura não importa. Talvez não seja mesmo importante. E eu e milhares de professores estejamos enganados. Talvez não deva ser este o perfil de um estudante da laureada Universidade Federal: o de um estudante leitor. Talvez...

Ler pra quê? Estudar pra quê?

Silvia.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Gente:
Tem umas dúvidas que ficam martelando aqui na minha cabeça e quero compartilhar com vocês:
  • É certo isso de um trabalhador fazer greve por aumento de salário e ter como proposta do empregador um aumento na carga-horária?
  • É normal constituir uma comissão paritária para decidir sobre um assunto e, antes do fim das negociações, um dos "parceiros" anunciar uma decisão que ele tomou? Sozinho?
  • É possível pedir aumento pra hoje e receber só no ano que vem?
  • Será que Governador pensa que somos crianças?
  • Essa atitudes são aceitas por nós e a proposta está se firmando entre nós como aceitável porque nossas atenções estão voltadas para a Copa do Mundo?

Todos à Assembleia da categoria dia 17/06/2010. Precisamos dar uma resposta à Sociedade, ao governo, a nós mesmos.

Um abraço da Sílvia.

sábado, 29 de maio de 2010

A sala de aula



Hoje, depois de tantos dias de greve na rede municipal, retomei minhas atividades. Em dezembro comprei um notebook porque queria melhorar meu desempenho na sala de aula e porque achei que iria precisar por causa do curso também. Antes, em outubro, já tinha arrumado uma confusão com a direção da escola porque solicitei um data-show. A direção da escola chegou a conclusão que eu estava fora da realidade. É claro que eu surtei, esqueci que a colega era minha superior hierárquica e mandei ver. Disse a ela que não era eu quem estava fora da realidade, que o equipamento era o mínimo que eu iria querer, já que eles tinham feito o favor de transformar o espaço do laboratório de informática em sala de aula. Foi muito desagradável mas não pude me controlar...

Finalmente em março o equipamento chegou. Veio sozinho, sem o notebook. Fiquei muito feliz e até recebi os parabéns da equipe por ter sonhado tanto. E perturbado tanto. No entanto o meu SO é linux e não reconheceu o data-show. Mas, falando sério, eu adoro linux. Nunca quis mudar para Rwindows. De repente o satux (chamava Francenildo) deixou de funcionar em algumas funções e levei na assistência técnica. O técnico formatou e instalou o ubuntu (agora é Benjamin Ubuntu, relativo ao filme O curioso caso de Benjamin Button http://www.adorocinema.com/filmes/curioso-caso-de-benjamin-button porque achamos o nome parecido, só isso) agora tudo funciona, inclusive o data-show.

Então eu queria muito usar o data-show em uma aula, para ver como os estudantes se comportariam mediante uma nova tecnologia. E também como eu me comportaria junto deles. Hoje finalmente consegui. Planejei uma aula de interpretação de texto, retomando um diálogo que comecei ano passado. A maioria dos estudantes já esteve comigo nas salas de aula, em anos anteriores. O texto retomado é o "Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais..." um texto composto de 386 palavras, todas iniciadas pela letra p. Lembramos das aulas passadas na companhia de Pedro Paulo, em seguida mostrei a eles o texto.

Para continuar, vimos um outro texto onde todas as palavras começam com a letra m. Eles acharam as palavras muito difíceis e disseram também que não entenderam nada. Então mostrei a eles o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=qIGYZFDl174. Eles ficaram encantados. Ainda mais que partimos para o texto e, quando surgia alguma dúvida sobre uma determinada palavra eu retornava ao vídeo para que pudéssemos observar a expressão do Chico e tentar descobrir o significado da palavra antes mesmo de olhar no dicionário. Assim descobrimos que macrocéfalo é um homem que tem uma cabeça grande. É claro que ter chegado ao segundo parágrafo foi um verdadeiro milagre, porque conversamos muito, rimos muito e nos divertimos muito em todos os horários. Duas turmas de sétimo ano, uma de oitavo e duas de nono.

Falamos de prosa poética, movimentos migratórios (inclusive os do sétimo ano avisaram que estavam estudando "isso" em Geografia e me explicaram direitinho a diferença entre migração e imigração), trabalho e trabalhador, transporte, vida na zona rural, as loucuras que acontecem nesse majestoso manicômio...

Tal aula seria possível sem as tecnologias da informação? Talvez. Quadro, giz, papel e caneta têm feito milagres nas mãos dos professores, esses Dom Quixotes da Educação, lutando contra dragões-moinhos.

Quero registrar aqui que foi uma experiência relevante em minha vida de educadora. Primeiro porque empreendi um grande esforço para reunir condições para que esse evento acontecesse (ainda assim fiquei devendo o áudio, que ficou um pouco prejudicado. Paciência, um problema de cada vez para resolver). Também porque sei que é apenas o começo de um processo certamente irreversível. E, por último, porque sei que estou contribuindo para que meus alunos e meus colegas compreendam que estamos no olho do furacão e que as mudanças aconteceram, acontecem e acontecerão, mas, por isso mesmo, precisamos todos estar preparados para elas. Precisamos estar preparados para esta sociedade em rede.

Quanto ao mundo moderno ainda teremos muitas atividades para realizar. Aguardem porque ainda estamos no 2º parágrafo...

E como estamos em Minas:

Um abraço e um beijo
E um pedaço de queijo.

Silvia.

terça-feira, 18 de maio de 2010

É SÓ PARA DIZER O QUANTO EU AMO SER PROFESSORA


A Escola me foi um lugar muito feliz. Recentemente em uma palestra com o Professor José Pacheco, coordenador da Escola da Ponte, ouvi-o dizer que ingressou na profissão de Professor por vingança, com o firme propósito de nunca fazer aos alunos o que havia sido feito com ele. Desde o dia que ouvi isso fiquei a pensar na Escola e o que ela representou para mim. Também aluna muito pobre, de uma família de seis irmãos e muita dificuldade.

Fui muito feliz na Escola. Quando decidi ser Professora (nem sei quando foi. Meu filho diz que eu nasci assim), queria proporcionar aos meus alunos a felicidade que um dia tive. Não sou tão jurássica assim. Semana passada completei 37 anos. Mas respeitava muito a Escola e os Professores todos. Não havia um que eu não chamasse pelo título. Orgulhava-me de comparecer às aulas com o uniforme completo: saia de pregas azul marinho abaixo do joelho, sapato preto e meia branca e a blusa do uniforme. Tudo providenciado com muito sacrifício pelos meus pais. Não era lá muito organizada, como não sou até hoje (tem coisas que nem as melhores escolas resolvem), mas sempre fui muito inteligente. Como aqueles alunos mais danadinhos que a gente sempre tem na sala. Algumas vezes estava lá "patetando" e a professora fazia uma pergunta que eu respondia. Claro que isso me causava alguns problemas porque nunca fui bem aceita pelas menininhas organizadas e bonitinhas da escola. Mas consegui sobreviver.

A única mágoa que trago da escola é que quando estava na oitava série pensei em ser escritora. Olhei de um lado para o outro e não vi ninguém com quem pudesse dividir este sonho. Nunca houve um incentivo da parte da Escola. A professora de Português era muito dura e sempre manteve uma distância muito grande dos alunos. Ela falava em vozes verbais, objetos diretos e indiretos e tudo o mais. Eu, entre meus colegas, tinha um certo talento em ajustar a teoria da gramática à prática de meus textos.

Somente mais tarde, no curso de Crisma, tive meu talento reconhecido. O Padre Pedro, que Deus o tenha, lia os textos produzidos pelos jovens do curso na missa de domingo. Os meus estavam sempre no altar à espera. Antes da benção final o Padre os lia para todos os presentes. Mais de uma vez tive os meus textos selecionados. Eu ficava sempre muito emocionada. O conselho que Padre Pedro me dava sempre em nossas conversas no confessionário era de que àquele que mais tem mais lhe será dado. Ele também dizia para eu usar com sabedoria meu talento. Tem horas que eu acho que enterrei meus talentos.

Ao final de minha adolescência a vida me levou por caminhos inesperados. E mesmo oito anos depois de ter terminado o Ensino Médio (Magistério, claro) tive uma experiência muito feliz ao passar no vestibular da UFPa. Na universidade não fui tão feliz. Fui apenas uma sobrevivente. As minhas melhores lembranças da escola estão no Ensino Fundamental.

Quero que meus alunos sejam tão felizes na escola quanto eu fui. Aqui nas Gerais não tem sido muito fácil para mim. Talvez nem para eles. Já percebi que alguns alunos têm por objetivo odiar determinados professores. Tento não assumir a condição de vítima. Afinal sou uma grande vencedora das adversidades da vida. E tento fazer sempre das minhas aulas um momento único, que nunca mais se repetirá. Nem sempre é possível. Nossas diferenças culturais são grandes, mas não são intransponíveis. A paixão que me move é muito maior que todas as dificuldades.
Eu amo ser professora. E a Escola que me fez tão feliz chama-se Colégio Nossa Senhora da Anunciação.





quinta-feira, 22 de abril de 2010

Greve: necessidade da categoria, luta de poucos, omissão de alguns, vitória de todos.

A viagem começou cedo. Eu saí de casa às cinco e meia da manhã para chegar a Betim no horário combinado. Encontro com os amigos, festa, esperança no olhar e no coração. Partimos animados. Pelo caminho encontramos outros amigos, esperançosos como nós. Cada um com a sua história, com a sua dificuldade e com a sua dignidade.

A chegada a São João Del Rei e o encantamento. Enquanto pela BR 040 encontrávamos um ônibus com quarenta trabalhadores de determinada cidade, uma van ou outra, na chegada à cidade eles foram se somando. Não sei quantos. Só sei que eram tantos que eu não podia contar. Cada um trazendo mais um tanto de amigos. E todos com o coração batendo mais forte, como o meu. Uma festa. Moradores nos paravam na rua para perguntar de onde viemos: Juiz de Fora, Esmeraldas, BH, Betim, Arcos, Congonhas, uma infinidade de lugares, uma infinidade de pessoas.

Somos tantos. Tantos que acreditam em justiça, em um país que faça cumprir as leis, em um país que respeite os direitos dos trabalhadores da Educação. Todos eles. Não fui à São João Del Rei passear. É claro que percebi que a cidade é linda, limpa, organizada. Também vi a estátua de Tiradentes, vi a faixada de algumas igrejas, andei por algumas ruas que imaginei históricas. Meu grande interesse era a Assembleia. As informações acerca do movimento.

Quem não foi, perdeu. Quem ainda não aderiu à greve também está perdendo. Perdendo uma grande oportunidade de lutar contra a injustiça e contra a desvalorização da categoria.

A transferência da sede política e social da capital Belo Horizonte para São João Del Rei foi de uma grandeza simbólica nem sempre comum nesses dias de banalização de tudo o que há de ético e poético no país.

O resultado é que continuamos em greve por tempo indeterminado. A próxima assembleia da categoria será dia 29/04, em Belo Horizonte. O governo parece não se preocupar que os estudantes praticamente não tiveram aulas em abril. "Eu quero ver o governador viver com o salário de um educador".

segunda-feira, 15 de março de 2010

16 de Março: Paralisação Nacional. Em Belo Horizonte vamos inaugurar a Cidade Administrativa

Para os que trabalham em Belo Horizonte e região metropolitana a mobilização se dará na Cidade Administrativa Aeciolândia, a partir das 14 horas.

Já que ninguém foi convidado para a inauguração oficial da Tancredolândia, com direito a interpretação tão emocionada do Hino Nacional na voz da conterrânea Fafá de Belém e também pela oportunidade única de ouvir Canção da América, na voz de Milton Nascimento, agora vamos todos nós, trabalhadores da educação, tomar posse da tão bela e tão bem planejada cidade administrativa.

O cordel: Oficina livre.

Ainda no dia 12 de setembro, após o almoço, nos reunimos novamente para o estudo da literatura de cordel e suas aplicações em sala de aula. Assistimos a vários vídeos sobre a lenda do Cabeça de Cuia e sobre a Literatura de Cordel. Esta atividade era parte do trabalho que viria a seguir:

Utilizando pincéis, tintas, bandejas de isopor, cola, estilete e criatividade passamos para a segunda parte de nossa oficina. Com base na Lenda do Cabeça de Cuia, criamos a Lenda do Cabeça de Fogo e, para ilustrar a lenda, produzimos um carimbo, utilizando as bandejas de isopor e todo o material que fora providenciado.

Levei para as cursistas um carimbo que eu tinha construído a partir da Lenda do Rio Amazonas e elas gostaram muito. Eu já havia experimentado também, com os alunos dos 6ºs anos, um trabalho de carimbos a partir de trava-línguas, sugerido no AAA5. Levei para elas observarem e elas consideraram um trabalho muito interessante.

Texto coletivo:
A lenda do cabeça de fogo.

O povo não acredita
Em história de cachaceiro
de vaqueiro e pescador

E diz que toda mentira
tem um fundo de verdade
se dita por muita gente.
E uma história de verdade
contada como brincadeira
Por mais real que pareça
Nunca será verdadeira.

Existe história lendária
Que com tempo ganha fama

Há muitos anos atrás
Existiu em Minas Gerais
Um pinguço, um cachaceiro
Chiva era seu nome
Cresceu sem religião
Sem pai e sem irmão
Sua mãe muito velhinha
Sem mágoa no coração.

Chiva, o preguiçoso
Não aprendeu trabalhar
E, devido a bebedeira,
Danava a esbravejar.
Vivia ameaçando
Dava soco, dava gritos
Agredia a todo mundo
Os outros eram malditos.
Sua mãezinha chorava
Muito tristonha a velhinha.

Sem esperança na vida
Em sua pobre casinha
O sofrimento do filho
sem trabalho e sem vontade
de dar a volta por cima
Vendo o filho em desespero
A bebida o consumia
Sem ter sorte na vida
A mãe se compadecia.

Mais uma vez a cachaça
E Chiva chegou zangado
Não tinha arrumado trabalho
E irritado bebeu
muito mais do que podia
E xingava todo mundo.
Sua mãe, que culpa tinha?
Mas ela lhe disse: - Filhinho
Não pense mais em mazela
E tome um café com pão.

Nervoso, tinhoso, ficou
Foi lá no fogão à lenha
E pegou de uma panela
Sentou na cabeça dela.
A pancada muito forte
Levou a velhinha à morte.
E de tão desesperado
Chiva ficou azul.
Com a cabeça amassada
E muitos dentes quebrados
Só lhe restou mesmo um.

Em desespero sombrio
Nem pensou no que fazia
E enfiou sua cabeça
No meio da brasa que ardia
E o povo, muito assustado
batizou "Cabeça de Fogo"
o monstro azul do povoado.
E a sombra da maldição
acompanhou-o para sempre
a partir daquele dia.

Após a produção textual e também da imitação da xilogravura (carimbo na bandeja de isopor), passamos a uma conversa breve a respeito de algumas formas de utilizar o trabalho com a literatura de cordel em nossas turmas do Ensino Fundamental. Um comentário que me deixou muito satisfeita foi o seguinte: "Sempre achei que seria muito difícil realizar uma atividade como essa em sala de aula. Vejo agora o quanto me enganei".

Encerramos a atividade e marcamos o próximo encontro para o dia 26 de setembro. A ideia principal era encerrar os estudos do TP6 e iniciar os estudos do TP1.


Os vídeos utilizados estão nos endereços eletrônicos abaixo. Além deles, foi também utilizada uma apresentação em power point produzida pela Professora Simone, de Brumadinho que, generosamente, compartilhou de seu trabalho maravilhoso com todos os formadores do Gestar II, da região de Belo Horizonte.
http://www.youtube.com/watch?v=OTxEL9lptW4

http://www.youtube.com/watch?v=9c5wlJCfm1g

quarta-feira, 3 de março de 2010

BBB 10




É a vida. Fico até meio sem graça quando vejo todo mundo falar (mal) do BBB. Na verdade podem falar à vontade porque é um assunto que não me diz respeito. Não me interessa nem um pouco. Não toco nesse assunto durante minhas aulas, meus alunos nem conversam comigo sobre isso. Na verdade nem considero o BBB um assunto. É mais uma falta de assunto que qualquer outra coisa. A única coisa que me chateia é ver o Pedro Bial envolvido nisso.

Tem muita situação por aí que é igual ou pior ao que se vê na tv, na "casa". Uma dessas coisas é observar, nas escolas nas quais trabalhamos, ser nomeado um diretor por ele ser "da panela" do prefeito, mesmo que o tal diretor não tenha competência para isso ou que ele não tenha qualquer vínculo funcional com a escola. Coisas como problemas que enfrentamos todos os dias em nossas escolas como a discussão pífia de um piso salarial pífio de 40 horas semanais ou de até 40 horas horas semanais. Ou de um processo de avaliação de desempenho cheio de incoerências e intransparências. Coisas assim tão importantes que as pessoas não costumam questionar.

Programas como o BBB devem servir para alienar o povo que, no caso dos professores, em vez de discutir salário, melhores condições de trabalho, reivindicar direitos já adquiridos e exigir o cumprimento da lei (de todo aquele monte de leis sobre educação, pois a única lei que parece existir naquela LDB é a lei dos 200 dias letivos), fica muito preocupado em saber e em "votar" no próximo eliminado do programa. Pão e circo para o povo.

Não é preciso desespero. Todo mundo tem um controle remoto nas mãos. É só desligar a tv e procurar um livro pra ler. Meu amigo Ronald diz que a tv é um demônio. Eu não ligo. Não vivo sem tv. Mas também não assisto BBB. Ponto final.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Navio Negreiro

Precisei baixar do youtube este vídeo para produzir um podcast. Fiquei apaixonada pela voz de Caetano nessa homenagem fantástica ao maravilhoso Castro Alves. Lindo!

www.youtube.com/watch?v=fwRu0MoxfRw

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Vida Maria"

Depois daquele banho fantástico que foram os encontros de formação do Gestar II, em Belo Horizonte e aqui em Esmeraldas, não dava mais pra voltar pra fórmulas das aulas de antigamente. Não dava e não dá. Então é preciso reconstruir a prática todos os dias. Sem tempo para planejar um trabalho interdisciplinar fica muito difícil. Mas a gente vai se encontrando na sala dos professores e vai tentando organizar as ideias a partir do que cada um tem para trabalhar e vai também trocando experiências.
Já deu pra perceber que, neste ano letivo, os estudantes estão menos agitados. Não há casos muito graves de indisciplina, pelo menos não aqueles casos gravíssimos como tivemos o ano passado. Também não tive a oportunidade de ficar com nenhum 6º ano. O Professor José Maria, meu colega de Português, ficou com as quatro turmas.
A Escola Municipal João José dos Passos é linda, mas não tem equipamento algum. Uma pena. Não tem retroprojetor, não tem projetor, não tem uma biblioteca que funcione direito, não temos livro didático, (o que não é tão terrível assim), não tem copiadora. Ontem mesmo, pra que a professora pudesse exibir um longa pras turmas de 8º ano foram 40 minutos só pra achar a chave da sala onde fica a tv e o dvd. Mesmo assim tem gente que fala "édifícil é um predin". Ah, depois de um incêndio que causou um estrago daqueles em uma unidade da rede, agora podemos contar com extintores de incêndio.
Mesmo assim, antes do carnaval, trabalhei com o curta do Márcio Ramos, Vida Maria, com duas turmas de 9º ano, duas turmas de 7º ano e uma turma de 8º ano. A primeira coisa que eles estranharam foi o formato "curta". Foi a primeira vez que eles tiveram contato com esse gênero. E, quando eles pensavam que o filme ia começar, o filme acabou. Alguns ficaram, em um primeiro momento, muito frustrados. Um deles comentou que um comercial da coca cola dura mais que o filme. Então decidimos que precisamos de uma pessoa ligada ao cinema para falar mais para nós sobre o que é um curta.
Conversamos muito sobre o que é uma "vida maria". Muitos estudantes, em grupos de três ou quatro, sugeriram o que é preciso fazer para não ter uma vida dessas. Então sugeri que cada grupo produzisse um gênero textual baseado no filme. Os estudantes criaram muita coisa legal. Uma produção que muito chamou minha atenção foi um "informativo". A equipe criou personagens que, após assistirem ao curta, tiveram seus depoimentos registrados. Houve até uma depoente que não quis ser identificada.
Surgiram cartas ao prefeito de alguma cidade do Ceará (eles procuraram no Atlas) para que ajudasse Maria com escola, posto de saúde, emprego, bolsa-família... surgiram convites para assistir ao curta, surgiram re-contos com final feliz para a história de Maria. Alguns grupos queriam escrever para Maria, no entanto desistiram porque ela não sabia ler e também não havia ninguém que pudesse ler para ela (eles imaginaram isso). Queriam aconselhá-la a não ter tantos filhos.
Ainda surgiram gêneros inusitados como capas para o dvd, um vídeo editado no movie maker (com direito a papel de parede e trilha sonora) e outro editado no power point, com fotos sobre o sertão do Ceará. Claro que mostrei os trabalhos mais relevantes em todas as salas. Alguns grupos, depois de assistirem aos dois vídeos, comentaram: Por que não fizemos nosso trabalho assim? Escolhi alguns trabalhos para fazermos a revisão textual.
Eu senti que estava no caminho certo quando um dos estudantes do 8º ano perguntou quando é que eu iria começar a dar matéria para a prova porque até agora ele não tinha nada no caderno de Português. Falei a ele que não se preocupasse porque estava dando tudo certo, melhor do que eu havia planejado.
Esse trabalho com o curta "Vida Maria" durou 5 horas aula. E ainda proporcionarei a revisão de um texto. Falamos sobre direitos humanos e algumas leis que protegem as crianças e os adolescentes. Nada muito aprofundado. Falamos sobre a Constituição, o ECA, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O direito à Educação, moradia digna, acesso à saúde. Foi muito produtivo. Muitos temas serão retomados no decorrer do ano letivo, pois não dá pra falar tudo em um trabalho como esse. A experiência com o curta foi muito interessante. Assim que passarem os feriados de Carnaval trabalharei com eles Meow, o gato que bebe refrigerante.
Para o pessoal que não vive longe da gramática informo que trabalhei com eles substantivo e adjetivo [(revisão. Será?). Note-se que no título do curta o substantivo Maria é utilizado como adjetivo. Isso aí já dá pra fazer uma monografia].
Bom, a postagem já está maior do que eu e nem deu pra falar tudo. Depois eu conto como foi legal um trabalho realizado na primeira semana de aula, dias 03, 04 e 05 de fevereiro, com o vídeo do Zeca Baleiro, Salão de Beleza.
Bom ano letivo aos amigos gestadores desse Brasil afora. Beijos e a abraços da Silvia!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Atendimento Pedagógico 2010

Muitos blogs estão em clima de despedida e de saudade. Aqui em Esmeraldas, nada disso. Estamos trabalhando muito para concluir os "portifilhos", projetos de intervenção e dar conta de 20 horas de estudos presenciais. Algumas oficinas ainda nem foram postadas aqui no blog.
Então no dia 19/01 parti em busca de duas cursistas que moram na sede do município para prestar atendimento pedagógico. Levei o portifólio de Ariaine para mostrar às duas e elas ficaram encantadas com o trabalho da Professora-Cursista. Uma questão que ficou evidente foi a de que cada portifólio é diferente. Cada um fica parecido com as mãos de quem o fez. Apesar de ajudar muito ver um portifólio pronto ficou claro que nenhum ficará igual ao outro.
Com uma terceira cursista do programa tenho mantido contato por telefone. Enquanto a maioria das professoras preferiu entregar o trabalho em formato digital (cd), ela preferiu organizar o portifólio e entregá-lo encadernado. Está também em fase de conclusão.
Uma notícia boa: A Secretária de Educação, Professora Jane Diniz, convidou-me para continuar o Gestar II, em 2010. Como não sou de correr da luta aceitei na hora e coloquei-me à disposição do Programa e da Secretaria, caso haja Professores da rede interessados em participar da formação. É esperar pra ver. Penso em convidar o Rafael, formador de Matemática, para expor os portifólios e os projetos prontos na reunião com professores que a Secretaria de Educação promoverá no início do ano letivo de 2010. É uma forma de divulgar o trabalho que fizemos em 2009 e estimular os colegas a participar.
Abraços para os amigos e amigas do Gestar II. Não deixem de postar nos blogs. Tenho visitado vocês mas nem sempre é possível deixar comentários. É só por causa de problemas técnicos.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Para começar bem 2010




Depois que iniciei o módulo de acolhimento do curso de pós-graduação fiquei um pouco mais ousada no uso das tecnologias da informação. As cursistas daqui de Esmeraldas enviavam uns arquivos por e-mail que eu nunca conseguia abrir. E ficava pensando em como fazer para abrir e ler o que elas enviavam. Não tinha nem coragem de perguntar pra alguém como fazer para conseguir ler esses arquivos. Depois que a gente deixa de ser analfabeto digital desenvolve uns escrúpulos nunca antes imagináveis. Acho que é o desconfiômetro que liga. A gota dágua foi quando a Ariaine, a cursista da Escola de Urucuia, entregou-me o portifólio e o projeto que ela construiu com a Adriana, Professora-Cursista de Matemática.


Quem disse que o computador abriu o cd? Eu, que já tinha comprado o notebook, tinha certeza que o aquivo abriria. Não abriu. É linux. Não abre nada. E agora? Perguntei pro Google. Nem sabia direito o que perguntar. Apenas desconfiava que o programa era 2003 e eu precisava de um programa 2007. Achei! O Senhor Google me disse que eu precisa apenas instalar uma coisinha que daí por diante eu não teria mais problemas quando abrisse arquivos mais recentes.


Esse Gestar... Não para de me ensinar as coisas que eu preciso aprender!Instalei a coisinha e abri o cd. Que bela surpresa. Como dizem os mineiros: "Quascaí"(quase caí). O portifólio da Ariane ficou lindo! Fiquei muito emocionada de ver um trabalho tão bonito por eu saber, além de outras coisas, do trabalho que deu pra fazer. Eu acompanhei de muito perto essa gestação. Na mesma hora liguei para ela, para parabenizá-la pelo excelente trabalho.


A Ariaine Alves Costa foi a cursista mais presente nas oficinas. Ela acompanhou o curso desde a primeira reunião. Pontual, dedicada, muito competente. Organizadíssima, como poucas pessoas conseguem ser, ela construiu um projeto interdisciplinar com a Cursista Adriana, de Matemática. Quando eu fiz a visita em Urucuia, em outubro, percebi o carinho e o respeito dos estudantes e da comunidade pela Professora e o compromisso dela na aplicação das atividades para a construção dos relatórios.


É o Gestar transformando.


Tentei de tudo para encerrar as oficinas junto com o ano letivo. Percebi que muita coisa ficaria para trás. Então, após conversar com as cursistas, optamos por terminar em fevereiro. Assim poderei fazer as visitas nas escolas e acompanhar a consolidação dos projetos de intervenção. Durante esse período também acompanharei algumas cursistas que ainda não conseguiram terminar os portifólios, entre outra ações.

Não sei com ficará o Gestar II aqui em Esmeraldas. Ainda não conversei com a Coordenadora do Programa, Mariana. O que há de concreto é a falta de interesse do corpo docente do município em participar do Programa. Por isso não tenho esperanças de que a formação continue. O que é lamentável. Até o momento está previsto apenas que terminemos o que começamos com as quatro cursistas que ficaram: Andrea, Ariaine, Nolfira e Rosely.

Participar desse Programa foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida profissional. E a melhor maneira de começar bem o ano é agradecendo. E a melhor maneira de agradecer é por em prática tudo o que aprendi com meus amigos do Gestar, com os formadores da UNB, Professora Catia, Professora Cida e Professora Rosa Olímpio. Há também os blogueiros do Norte, do Sul, do Sudeste, do Centro Oeste e do Nordeste. Gente de todos os cantos do país que se encantou no embalar dessa rede poderosa que é o Gestar II.
É 2010 que chega cheio de esperanças. São poucas as certezas: a mudança da lua, a maré em movimento, o dia e a noite. Tudo é um vir a ser. Há muito que se construir. Antes, minhas mãos estavam vazias. Agora tenho ferramentas que me proporcionam a esperança na constução de um mundo melhor. Tenho companheiros que querem também essa construção. Não estou mais sozinha e sei por onde começar. Mãos ao trabalho!