Amigos Conquistados

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Pão para o espírito

Com a extrema sensibilidade poética, a obra "Poemas da recordação e outros movimentos", de Conceição Evaristo, foi recentemente selecionada entre as 50 melhores publicações literárias de Língua Portuguesa no mundo. Gostaríamos de partilhar com todos a conquista dessa brava mulher que representa uma vitória para todas as mulheres negras da América Latina e do Caribe.

POEMAS DA RECORDAÇÃO E OUTROS MOVIMENTOS
Conceição Evaristo

"A voz de minha bisavó
ecoou criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
de uma infância perdida.

A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.

A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
no fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.

A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue e fome.

A voz de minha filha
recorre todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.

A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade."
Teia Cultural Minas - Nº 75 - 30 de julho de 2009 - Ano V‏

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Bolsa do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II

No dia 13 de julho foi publicada a Resolução nº 35, 13/7/2009 - Estabelece orientações e diretrizes para a concessão e o pagamento de bolsas de estudo e pesquisa no âmbito do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II, voltado à formação continuada para professores em exercício nos anos ou séries finais do ensino fundamental, a partir do exercício de 2009. Os formadores do Programa Gestar todos têm direito à bolsa. Cabe a nós agora saber aonde ir, quando ir e como fazer para ter acesso ao pagamento das 10 parcelas de 400 reais do Programa. Não sou materialista nem nada, mas gostaria muito de receber esse benefício antes de o Gestar acabar. Seria legal.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Planos de Aula produzidos pelas cursistas na oficina 5

Oficina TP3 16/05/2009
UNIDADE 10
TEXTO 2: BOM DIA
TURMA: 6º ANO
AULAS PREVISTAS: 2 AULAS

1 A que gênero pertence esse texto?

2 Quantas estrofes e quantos versos possui?

3 O que há em comum entre o texto e a gravura?

4 Como será o cotidiano retratado no texto?

5 Qual a classe social que o texto retrata?

6 Observe as terminações dos versos. Você observou se eles possuem rimas?

7 As rimas possuem as mesmas métricas?

8 Que fatores sociais e econômicos levam uma pessoa a se sujeitar a esse tipo de vida?

9 O que esse trabalhador poderia fazer para melhorar suas condições de vida?

10 Retire do texto duas palavras que sejam:
a) monossílabas
b)dissílabas
c) trissílabas
d) polissílabas

11 Quais versos têm o mesmo sentido de “O dia já raiou”?

12 Retire do texto dois pares de antônimos.

13 Que palavras do texto indicam que o trabalho é cansativo?

14 A que conclusão você chegou ao término desse texto?

AVALIAÇÃO
O PLANO DE AULA aqui apresentado valorizou a estrutura do texto, desde já, mostrando uma preocupação dos professores com a classificação dos gêneros textuais, algo muito complicado para as turmas para as quais foi pensado o plano de aula. É preciso ter muito cuidado com essa questão da classificação de determinados gêneros porque é uma atividade muito complexa e exige do leitor uma vivência maior e uma leitura de mundo que os aprendizes das turmas de 6º ano ainda não dominam. A valorização da estrutura formal do texto é muito importante e deve ser focalizada tanto quanto seu conteúdo informacional.
Segundo MARCUSCHI (TP3, p. 45), os gêneros:

São de difícil definição formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sociopragmáticos, caracterizados como práticas sociodiscursivas;
Quase inúmeros em diversidade de formas, obtêm denominações nem sempre unívocas;
Caracterizam-se como eventos textuais, altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos;

Alguns conceitos a serem trabalhados chamaram a atenção de outros colegas cursistas que comentaram sobre a possibilidade de trabalhar com estudantes do 6º ano a métrica. Um assunto que consideram difícil de ser trabalhado até mesmo com turmas de uma faixa etária maior.

Para os estudantes do 6º ano caberia uma maior exploração do assunto tratado no texto porque as comunidades atendidas pela escola (seja ela urbana ou rural) são formadas por trabalhadores (formais ou informais), sendo eles os pais ou mesmo os próprios estudantes. Dar a oportunidade para os estudantes falarem sobre o trabalho que é desempenhado pela comunidade em geral seria um bom começo para dar significado ao texto.

Partindo dessas discussões, levantadas a partir do texto será possível implementar atividades diversificadas como a confecção de um mural sobre o trabalho e até mesmo combinar com os estudantes a produção de textos sobre o trabalho, com clareza nos objetivos da produção textual, forma de exposição, possíveis leitores do texto, entre outras informações que o grupo julgar pertinentes.

Quanto às questões relacionadas ao conteúdo programático das turmas de 6º ano é preciso observar que estão muito adequadas à proposta curricular da Secretaria Municipal de Educação do Município de Esmeraldas.

Mão à obra e bom trabalho. Espero que as observações possam contribuir para melhorar seu desempenho em sala de aula.

Plano de aula: Poema tirado de uma notícia de jornal.
Assunto: Interpretação de texto
Objetivos gerais:
Através da leitura do texto “Poema tirado de uma notícia de jornal”, o aluno será capaz de:
Localizar dados no texto
Analisar criticamente a situação social da personagem. Contextualizar realidades.
Analisar o efeito da bebida na vida da personagem;
Fazer levantamento de hipóteses sobre quais motivos levaram a personagem ao suicídio;
Valorização do eu, independente da ocupação e do endereço;
Analisar formas de diversão da personagem;
Relacionar a Lagoa Rodrigo de Freitas com o Morro da Babilônia;
Relacionar a Babilônia bíblica com a cidade do Rio de Janeiro;
Relacionar as atitudes de João Gostoso com a personagem Narciso, da Mitologia Grega;

Desenvolvimento
Levar para os alunos verem imagens da Lagoa Rodrigo de Freitas e do Morro da Babilônia (fotos, recortes, reportagens, cartões postais, etc).
Levar textos sobre a Babilônia e sobre o mito Narciso;
Estabelecer discussão sobre o tema tratado para alcançar os objetivos propostos;
Produção livre de um texto sobre o tema tratado.

Cronograma: Dois módulos-aula de 50 minutos.

Recursos:
Xerox
Revistas e jornais
Papel...

Avaliação: De acordo com o envolvimento do aluno.

Análise da apresentação
O PLANO DE AULA aqui apresentado valorizou muito o texto a ser trabalhado em sala de aula. Os objetivos estão muito bem definidos e se enquadram perfeitamente na proposta curricular do município. O assunto tratado no texto acompanha a realidade de muitas famílias atendidas pelas escolas de Esmeraldas.
O alcoolismo é uma presença constante nas falas dos estudantes.
A violência do álcool e das drogas é muito presente no cotidiano dos adolescentes atendidos
Muitos exercem ocupações de subemprego: trabalham em feiras, capinam lotes, e moram em uma região de pouco prestígio social.
Nessas regiões há pouco acesso ao lazer saudável (parques, cinemas, praças);
Muitos estudantes pertencem a diversas denominações religiosas e têm acesso às leituras da Bíblia, como fonte inesgotável de conhecimento e inspiração: cabe também à escola valorizar esses conceitos e trazê-los para a sala de aula, costurando a realidade em que vive a comunidade com a oportunidade de levantar debates e assegurar o direito da palavra a todos, com respeito e dignidade.
O trabalho também assegura o resgate da auto-estima dos jovens aprendizes;

Apesar de não ter ficado registrado na escrita, o assunto do poema pode ser tratado de forma interdisciplinar, com as áreas do conhecimento de História e Geografia, a partir de assuntos como Mitologia Grega, organização do espaço social, como ficou registrado na fala da apresentadora do plano de aula.
Durante a exposição do plano de aula houve a contribuição de um dos cursistas em relação à produção textual: apresentar os fatos de acordo com a visão de várias pessoas que conheceram João Gostoso (o dono do boteco onde João bebeu, uma vizinha, a namorada...)
Para a produção textual é preciso estabelecer mais dados que facilitem a escolha dos alunos.
Como ficou registrado na fala da Professora apresentadora, o texto pode ser trabalhado em diversas turmas e, de acordo com o ano trabalhado, o tema da aula pode ser adaptado:
Para o 6º ano há meios de se elaborar atividades para trabalhar substantivo;
Para o 7º ano já há condições de se trabalhar na morfologia verbos e na sintaxe termos essenciais da oração;
Para as turmas de 8º e 9º ano há a possibilidade de trabalhar termos essenciais e termos acessórios da oração.


Observações:
Os planos de aula foram produzidos em transparência. Devido à dificuldade em carregar as imagens no blog optei pela transcrição delas e decidi também omitir os nomes das cursistas que produziram as atividades porque não informei que publicaria os trabalhos no blog. A avaliação e a análise dos trabalhos produzidos foi anexada aos planos de aula, mesmo tendo sido discutida no momento da oficina junto aos cursistas.

O SEGUNDO ENCONTRO: A OFICINA 5.

O segundo encontro aconteceu na Escola Municipal Eurica Alves Moreira, no dia 16 de maio, como marcado anteriormente. Iniciou às nove horas e contou com a presença das Professoras: Rosângela Carvalho, Maria Nolfira Barbosa, Rosely Coelho, Marilene Bardasson e Ariaine Costa. Inicialmente conversamos sobre as atividades avaliativas dos cursistas, principalmente sobre o “avançando na prática”. A professora Ariaine sugeriu algumas atividades já trabalhadas em sala, relacionadas à fábula “A cigarra e a formiga”. A professora Nolfira trouxe também sugestões de como desenvolver as atividades. Entreguei a elas a carta de boas vindas e passamos a explorar o slide “Gêneros Textuais: Definição e Funcionalidade, de Marcuschi”. Passamos a conversar a respeito dos gêneros textuais e logo estávamos em outro slide, “Gêneros Textuais: do intuitivo ao sistematizado”, a unidade 9 do TP3.

Na hora do almoço a Professora Nolfira assumiu o fogão e nos proporcionou um almoço delicioso, prático e rápido: macarrão na panela de pressão. Uma delícia. E ainda ensinou a receita. Por problemas administrativos não foi possível utilizar as dependências da cozinha da escola nos encontros futuros. Por isso foi preciso reduzir ainda mais o tempo dos encontros, já que não há lanchonetes ou restaurantes nos arredores da escola.

Depois do almoço voltamos a nos reunir para concluir as atividades propostas. Um plano de aula a partir dos textos de Manuel Bandeira e Milton Nascimento. O grupo se dividiu em duas equipes e cada equipe preparou uma aula utilizando um dos textos. Assim desenvolveríamos as duas atividades e ficaríamos com as duas propostas. Os trabalhos foram produzidos em transparência e apresentados ao grupo.

O mais interessante desse trabalho foi observar as Professoras-Cursistas interagindo e ver como as linhas gerais da produção foram enfocadas de forma diferente. Elas mesmas perceberam e comentaram com o grupo. E cada uma achou a proposta da outra equipe mais válida que a sua própria. E chegaram até mesmo a pedir desculpas por terem entendido a proposta daquele jeito.


Minha intervenção foi no sentido de dizer que as duas propostas de trabalho foram válidas e que eu ficava muito feliz porque tínhamos em mãos dois planos de aula para aplicar assim que fosse possível. Após as apresentações dos trabalhos produzidos e de uma breve avaliação, demos o encontro por encerrado às dezesseis horas. Ficou combinado que no próximo encontro eu providenciaria o material produzido na oficina em forma de cópia, para que cada cursista pudesse ter os dois planos de aula. Avaliamos o encontro como muito bom, porque havia em nós muitas dúvidas a respeito do conceito de gêneros textuais que foram esclarecidas através dos slides, das discussões e das atividades sobre o assunto.

Para o próximo encontro marcamos de estudar a Unidade 11 e fazer uma discussão acerca dos tipos textuais: Narrativo, Descritivo, Injuntivo, Preditivo e Dissertativo.

sábado, 25 de julho de 2009

O MATERIAL DO GESTAR: UM PROBLEMA À PARTE.

Esses primeiros momentos do Gestar II de Português foram muito difíceis. Além da indecisão dos profissionais de língua materna (fosse em participar da formação, ou em decidir o calendário de encontros), houve ainda um problema mais grave: o material não chegou. E, de acordo com informações do MEC, só estará disponível no 2º semestre para os cursistas de Esmeraldas.

A coordenadora pedagógica do Gestar tentou, por inúmeras vezes e sem sucesso, entrar em contato com a UNDIME, por telefone e por e-mail. Até que o Formador de Matemática conseguiu o número do telefone de Adriane. Finalmente a coordenação conseguiu um primeiro contato com um provável fornecedor do kit.

A explicação que a coordenadora de Minas Gerais deu para tamanho atraso foi a de que a Secretaria de Educação, no momento da adesão ao programa, cadastrou apenas um formador e um cursista de cada área do conhecimento. E foi exatamente esse o material encontrado na Secretaria de Educação: dois kits de Português e dois kits de Matemática. Segundo Adriane, os kits seriam providenciados o mais rápido possível. Em outro contato a Adriane explicou que o Gilberto, da UNB, já enviara os kits, no entanto o material não chegou. Através de e-mail, Adriane afirmou ter enviado mais kits no dia 22 de junho. Finalmente no dia 13 de julho o material chegou, mas não foi possível fazer a entrega a todos os cursistas antes do recesso.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Leitura de Junho

Ler é sempre um prazer. Pelo menos pra mim. Quando estou lendo nada importa. Quando conheci o Bartolomeu Campos de Queirós fiquei impressionada com aquela figura. O escritor passa uma ideia de fragilidade, de suavidade. Até as palavras dele são leves e viajam para dento da cabeça da gente como passarinhos. No momento de nosso encontro, no Colégio Pio XII em Belo Horizonte, Bartolomeu disse que quando uma pessoa encontra uma coisa bela o maior desejo dessa pessoa é dividir a experiência desse belo com aqueles ao redor. Então ganhei de presente de minha amiga Kézia, professora de História na rede municipal de Esmeraldas, um dos livros do escritor poeta. E tratei de dividir esse belo e maravilhoso livro com meus alunos das turmas de 6º e 8º anos. Para cada turma foi uma experiência diferente. Nas turmas do 6º ano alguns alunos receberam o livro de braços abertos. Outros alunos, já calejados pelo sofrimento da vida e com esperanças tênues em um amanhã mais decente, sentiram-se ofendidos por lhes ter sido roubada uma coisa tão fácil e tão própria da infância: a fantasia. Pelo menos no momento da leitura duvidaram. Para eles a velha dama do livro escreveu com a pena de sentir pena de quem não sabe ler o livro da fantasia. Os alunos e alunas do oitavo ano perderam o costume de ouvir histórias. A maioria deles se esforçou muito para ouvir e viajar nas palavras da narrativa. Outros, após ouvirem, acharam qua a história estava meio sem pé nem cabeça. Outros acharam que essas coisas só podem existir mesmo na cabeça dos escritores. Ainda outros se assustaram com a mulher que teria três pares de olhos. Mas a leitura é isso mesmo: uma experiência única e delicada para cada pessoa. E, quando termina a leitura de um livro, você mesmo já é outro, diferente daquele que era quando a leitura começou. E todas essas emoções devo ao escritor de pena tão leve, que escreveu um livro para a vida. O título do livro é: Sei por ouvir dizer, da Editora Edelbra.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Viver e trabalhar para que os sonhos se tornem realidade

O texto postado aqui é uma prova do quanto a criação literária pode aproximar as pessoas. No momento da criação desse pequeno poema instalou-se um clima de cumplicidade e magia entre professora e aluno. Quem conhece os dois e as histórias que protagonizam sabe o que isso significa. O texto nasceu depois de um extenso trabalho sugerido no caderno de teoria e prática 3, na unidade 10, com o trabalho de caracterização do gênero poético na seção 2. O AAA3, com suas sugestões de atividades interessantíssimas também colaborou para esse momento tão especial de criação. É para viver um dia como esse que sou professora. É sério: não troco essa emoção por nenhuma outra nesse mundo. Eu amo o meu trabalho.

O sol e o coração

O Sol quando
nasce entra na
janela do meu
quarto altão.
O brilho no meu rosto
vem e vaga
no meu
lindo coração.
Meu coração
quando bate
vai e rouba
um coração.
(Werles Henrique. Aluno do 6º ano. Turma 603 da Escola Municipal João José dos Passos)

Relatório de Atividades do Gestar II, em Esmeraldas

No dia sete de abril houve a primeira reunião em Esmeraldas, no Auditório da Secretaria Municipal de Educação, para uma conversa com os professores de Português e Matemática sobre o Gestar II. Além dos formadores do Gestar II Professora Sílvia (Português) e Professor Rafael Rodrigues (Matemática), estava presente a Coordenadora do Programa de Formação Continuada na cidade, Mariana Pereira.

O Professor Rafael apresentou o Programa de Formação Continuada, através de slides. Em seguida eu me pronunciei apenas para falar sobre alguns aspectos do programa de Português e provocar uma breve discussão inicial a respeito do ensino de língua materna no município. Aproveitei para falar das origens do Programa Gestar II e dos resultados que o programa já alcançou no nordeste do país, como foi informado pela formadora da UNB, professora Catia.

A seguir o material foi apresentado aos cursistas, que foi classificado como excelente. Infelizmente, já desde o primeiro momento a Secretaria contava com apenas um kit de Português e um kit de Matemática.

Os cursistas perguntaram a Coordenadora o que a Secretaria de Educação poderia oferecer a eles em contrapartida à participação na formação. A coordenadora respondeu que há uma comissão de revisão do PCCV (plano de cargos, carreira e vencimentos da Prefeitura) e que a própria secretaria lançaria como proposta que o GESTAR II e o PRO-LETRAMENTO tivessem o mesmo peso que um curso de pós-graduação no pccv. Além disso, a secretaria de educação oferecia os próprios formadores e o suporte logístico para a formação (espaço físico e equipamentos). Além disso não havia mais nada que a Prefeitura pudesse oferecer aos cursistas, como transporte, alimentação ou qualquer outra ajuda de custo.

Os professores de Português e de Matemática dividiram-se em dois grupos para acertarem detalhes de carga horária e de calendário de encontros. Logo os professores de Matemática decidiram que as oficinas seriam às quintas-feiras, de 13 as 17 horas. Já os de Português debateram muito, porque o dia de formação que dava pra um, não seria possível para outros. A maioria não poderia no sábado então ficou marcado para as quartas feiras de 18 as 22 horas, na Escola Augusto Lucas. E ficou marcado o primeiro encontro de Português para o dia 15 de abril.

A seguir, a Coordenadora Pedagógica agradeceu a todos os presentes e encerrou a reunião desejando a todos uma boa sorte na implantação do Gestar II na cidade de Esmeraldas.

No dia 15 de abril, como ficou determinado no primeiro encontro, a Coordenadora Pedagógica do Gestar II mobilizou recursos para o início das oficinas do GESTAR de Português, organizando com antecedência o espaço onde o encontro seria promovido, como autorização da direção da escola e remanejamento, instalação avaliação de funcionamento adequado de equipamentos. O que aconteceu foi que apenas uma cursista compareceu ao evento.

A Coordenadora Pedagógica então decidiu manter os encontros às quartas-feiras e marcou um novo encontro no dia 22 de abril. Providenciou comunicar-se com todas as escolas da rede pública de Esmeraldas com anos finais do Ensino Fundamental. Aconteceu novamente que apenas um cursista compareceu ao local, e não apresentou interesse na leitura dos textos preparados e nem em assistir aos slides pois, como é professor em outra cidade, alegou que participaria do Gestar na rede em que é contratado.

Imediatamente entrei em contado com a Secretária de Educação, Professora Jane, para mantê-la a par da situação. A Secretária ficou muito frustrada, talvez nem tanto quanto eu, e declarou que provavelmente decidiria por cancelar o Gestar de Português na cidade. Apesar de ter ficado muito triste com as declarações da secretária entendi que o caminho seria esse mesmo, pois os professores demonstraram muita falta de interesse com o projeto.

A Coordenadora Pedagógica encaminhou à cada escola um ofício esclarecendo mais uma vez a importância do GESTAR e solicitou uma lista de professores interessados em aderir ao curso, com o dia da semana que seria mais interessante para o encontro de formação. A partir das respostas encaminhadas à Secretaria, Formadora e Coordenadora Pedagógica se propuseram a tentar um novo encontro, no sábado, dia 09 de maio. Ambas acordaram que seria uma última tentativa de implantar o programa em Esmeraldas.

No dia 09 de maio, na Escola Municipal Mundo Mágico, das 9 às 11 horas, apresentaram-se para o Programa cinco professoras. Essas professoras decidiram que o sábado seria o único dia da semana disponível para o encontro. E tais professoras solicitaram que os encontros fossem planejados para ter uma duração de pelo menos seis horas devido às dificuldades de transporte e locomoção para Esmeraldas, já que alguns cursistas viriam de Belo Horizonte e Contagem para participar dos encontros.

As professoras que participaram desse encontro foram: Ariaine Alves Costa, Maria Nolfira Barbosa, Carla Moreira dos Santos, Marilene Gonzaga Bardasson e Rosely das Graças Coelho.

Houve também reclamações das professoras em relação ao local da reunião porque a escola que abrigou o grupo é uma escola de Educação Infantil e o mobiliário da referida escola não é adequado para adultos. Além disso, o grupo não contou com equipamento tecnológico algum, sendo possível apenas a leitura do texto da professora Maria Luiza Monteiro Salles Coroa: DIFERENTES CONCEPÇÕES DE LÍNGUA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA. A partir dessa leitura algumas questões sobre o ensino de língua materna foram apresentadas e debatidas: O que é língua? Que língua é essa que cada professor trabalha nas salas de aula? Qual a concepção de língua que permeiam as ações de cada professor de língua materna?

Esses foram os questionamentos que partiram da formadora em direção às cursistas. Mas a primeira pergunta que partiu dos cursistas em direção à formadora foi: - “É para ensinar gramática?”. Ao que o grupo foi provocado a responder tais questionamentos: os professores (entre eles uma professora tutora do pró-letramento), um pouco inseguros, sugeriram tais respostas:
• Apoiar os trabalhos nos gêneros textuais;
• Contextualizar o ensino da gramática;
• Mostrar a preocupação em não transformar em um cabide de estruturas e pinçar do texto informações com perguntas de localização;

Tal socialização foi muito importante para um primeiro contato e para fortalecer os laços entre o grupo do Gestar II em Esmeraldas, porque todos compartilham as mesmas preocupações com a melhora da qualidade do ensino. A busca para tal qualidade só é possível a partir de um programa de formação continuada.

Estava previsto também uma apresentação de slides do Professor Marcuschi sobre gêneros textuais, o que não foi possível fazer por conta do desconforto do grupo e da falta de recursos tecnológicos.

O grupo estava muito desconfortável na escola disponibilizada pela Prefeitura para o encontro, então algumas cursistas propuseram que os próximos encontros fossem realizados na Escola Municipal Eurica Alves Moreira, no bairro Novo Retiro. Apesar de a escola estar localizada em um bairro distante do centro da cidade, lá o grupo poderia contar com os recursos tecnológicos necessários para a realização do Gestar II no município.

Os professores que moram no centro da cidade solicitaram que, dentro das possibilidades, os encontros poderiam ser realizados na cidade, na Secretaria de Educação ou em alguma escola da rede municipal. Após duas horas de reunião o encontro deu-se por encerrado, com a proposta de um novo encontro no dia 16 de maio, na Escola Eurica Alves Moreira.

Esses primeiros momentos do Gestar II de Português foram muito difíceis. Além da indecisão dos profissionais de língua materna (fosse em participar da formação, ou em decidir o calendário de encontros), houve ainda um problema mais grave: o material não chegou. E, de acordo com informações do MEC, só estará disponível no 2º semestre para os cursistas de Esmeraldas.

A coordenadora pedagógica do Gestar tentou, por inúmeras vezes e sem sucesso, entrar em contato com a UNDIME, por telefone e por e-mail. Até que o Formador de Matemática conseguiu o número do telefone de Adriane. Finalmente a coordenação conseguiu um primeiro contato com um provável fornecedor do kit.

A explicação que a coordenadora de Minas Gerais deu para tamanho atraso foi a de que a Secretaria de Educação, no momento da adesão ao programa, cadastrou apenas um formador e um cursista de cada área do conhecimento. E foi exatamente esse o material encontrado na Secretaria de Educação: dois kits de Português e dois kits de Matemática. Segundo Adriane, os kits seriam providenciados o mais rápido possível. Em outro contato a Adriane explicou que o Gilberto, da UNB, já enviara os kits, no entanto o material não chegou. Através de e-mail a Adriane afirmou ter enviado mais kits no dia 22 de junho.

sábado, 11 de julho de 2009

Começou assim:

Carta de apresentação do Programa Gestar II para os cursistas de Língua Materna em Esmeraldas.

Carta de Boas Vindas

Secretaria Municipal de Educação e Cultura


Esmeraldas, Abril de 2009.



Caro(a) Educador(a),



É com muita alegria que apresento o Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – GESTAR II, para os Professores de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental. O meu desejo é compartilhar com cada um as experiências que virão e as esperanças em uma escola de qualidade, que forme para a vida.

Eu convido todos a desvendarem o material de apoio e as propostas do GESTAR II para um novo trabalho a ser desempenhado por todos: assumir a responsabilidade de ensinar a cada pré-adolescente e adolescente a ler, a falar e a escrever, efetivamente.

Será uma longa jornada até o final do curso, em novembro. Nem sempre será fácil, mas é preciso confiar que todo esse esforço se refletirá no seu trabalho, no processo de construção do conhecimento de cada um de seus alunos e se refletirá na cidade de Esmeraldas, em Minas Gerais e no Brasil. Lembre-se que o GESTAR II é uma rede. Não é um trabalho isolado e os resultados do programa já começam a surgir nas regiões Norte e Nordeste do País.

Por isso é que é preciso ser perseverante. Estude, apresente os resultados de seu trabalho, discuta suas ideias, pergunte e esclareça suas dúvidas. A responsabilidade do sucesso do programa de formação é coletiva e cada um deve se empenhar ao máximo, contribuindo para melhorar a Educação.

Um grande abraço e bom trabalho!
Sílvia Amaral de Souza
Formadora do Gestar II em Esmeraldas

terça-feira, 7 de julho de 2009

Leitura de Maio


Maio é um mês muito especial. É o mês do meu aniversário. Então li um livro muito especial: Os tambores de São Luís. A saga de Damião na luta pela abolição da Escravidão no Brasil. Adorei. O mais difícil foi passar pelos sofrimentos e duros castigos dos negros escravos. Aprendi muitas palavras que, mesmo já tendo pesquisado sobre as religiões que vieram da África e se transformaram poeticamente aqui, entre cristãos e índios, eu ainda não conhecia (como nochê, noviche, querebentã...). O que eu posso fazer é somente lamentar por não ter lido antes.

sábado, 4 de julho de 2009

Amor

Mar amargo
Salgado trago
Insuportável
Insustentável
Dor.