Amigos Conquistados

sábado, 22 de agosto de 2009

O SEXTO ENCONTRO: mudanças significativas na dinâmica dos encontros.


Passou o recesso. Durante os 15 dias que fiquei em casa me dediquei inteiramente ao GESTAR II. Em casa, do computador para os cadernos do Gestar e dos cadernos do Gestar para o mundo dos blogs do Gestar II, comecei a vislumbrar outras possibilidades na construção do Programa, em Esmeraldas. A notícia mais esperada do primeiro semestre chegou no dia 13 de julho: os kits chegaram à Secretaria de Educação. Uma conquista e tanto. Decidi por em dia o blog, com as postagens sobre as oficinas e as leituras. Telefonei para as cursistas e informei a elas sobre a chegada do material e solicitei que fossem buscá-lo. À aquelas que moram em outras cidades, a coordenadora pedagógica enviou alguns kits para mim, para que eu pudesse distribuí-los. Dois professores que faziam o Gestar II na região onde moro e trabalho desistiram do curso e não quiseram nem mesmo receber o material. Eles alegaram motivos pessoais para a desistência. Outra professora, após receber o material, também desistiu da formação por motivos do agravamento de seu estado de saúde. Já que desde o início do curso ela apresentava problemas de saúde, inclusive tendo até solicitado licença médica para tratamento.

Outros ainda, apesar de terem solicitado inscrição e até de terem participado de dois ou três encontros acabaram por desistir por incompatibilidade no horário, falta de interesse pelo curso de Português, já que se consideram professores de Língua Inglesa, mesmo com turmas de Português na rede de Esmeraldas. Outros desistiram também por passarem por momentos muito conturbados em suas vidas pessoais.

Ficaram então, as Professoras-Cursistas Ariaine, Maria Nolfira, Andréia, Carla e Rosely. São meu tesouro e merecem todo meu respeito, meu carinho e minha dedicação. Após me certificar que todas já possuíam o material, passei a ligar para elas e marcar nosso encontro. A primeira decisão foi a de não promover mais encontros de seis horas e sem garantir condições mínimas de atendimento.

Solicitei, então, à nossa coordenadora pedagógica uma autorização para que nos reuníssemos na Escola Municipal João José dos Passos, no bairro Recreio. A escola foi recentemente inaugurada e é a escola mais ampla, espaçosa e bonita do município. Providenciei, através da boa vontade da Diretora da escola e de uma das auxiliares de serviços gerais e de doações particulares, um lanche e um almoço para nós. Assim poderíamos cumprir uma carga horária maior e terminar as últimas unidades do caderno 4 para iniciar as discussões do caderno 5.

Tudo organizado, inclusive o cardápio, combinei com as meninas um encontro de 8 da manhã até as 17 horas, no dia oito de agosto de 2009. Todas concordaram. Na hora marcada estávamos todas lá. A Ariaine e a Andréia acharam a escola muito longe, mas ficaram encantadas com a estrutura. A Rosely falou que gostaria muito de trabalhar lá. Apresentei-lhes a sala dos professores enquanto passava a organizar o espaço do encontro, que não estava pronto porque, na última hora a prefeitura ordenou que a escola ficasse fechada até dia 11 de agosto, por causa de uma suspeita (que não foi confirmada posteriormente) de um surto de gripe influenza A (H1N1) no bairro onde se localiza a escola.

As 8:20 min. já estávamos organizadas e demos início ao nosso encontro. No primeiro momento, que foi acompanhado com muito carinho pela Diretora da escola, fizemos uma oração para começar bem o dia. Em seguida fizemos a leitura compartilhada do texto “Educação: O que é mais importante?” de Rubem Alves. Durante esse breve momento de reflexão tivemos a oportunidade de expressar nossos pensamentos, suscitados pelo texto, a respeito do papel da escola e do professor na formação de pessoas comprometidas, criativas, perspicazes e capazes de tomar o rumo de suas próprias vidas.

Em seguida, retomamos nossas discussões a respeito da importância da escrita, do papel do professor de ensinar o aluno a escrever, discutindo alguns mitos a respeito do desenvolvimento das habilidades do aluno que escreve: a questão do dom, o conhecimento prévio para ajudar na interpretação e na produção textual.


Para pensarmos mais um pouco sobre o processo de escrita dos textos trouxe a frase de Rubem Alves: “Não tenho a menor ideia de onde aprendi a ser escritor, mas posso garantir que não foi na escola”.

Então, passamos a conversar a respeito do texto e das campanhas publicitárias “Quem lê viaja”. Uma das conseqüências da febre de um sócio construtuvismo mal pesquisado e mal aplicado. Como se o ato de aprender não necessitasse de um esforço do indivíduo aprendente. Como se o ato de construir o conhecimento se desse em ritmo de festa constante, “o prazer do aprender”. Como o próprio caderno 4, na unidade tratada (p. 115), enfatiza: “ler e escrever são experiências conquistadas pelo trabalho, que pode sim ser compensador e tornar-se prazer, alegria, viagem, como querem os anúncios sedutores”.

Detivemo-nos com mais cuidado na seção 1 porque no mês de junho a Prefeitura ofereceu, para alguns professores da rede, uma oportunidade única ao convidá-los para participar, em Belo Horizonte, da palestra do professor Vasco Moreto, sobre avaliação. Naquela ocasião foi muito interessante o que o Professor Vasco explicou a respeito das questões morais e éticas que devem permear o processo de avaliação aplicado nas escolas. E discutimos alguns minutos sobre a forma das perguntas que aplicamos. Por que perguntamos e como deveríamos fazer para melhorar a qualidade de nossas perguntas.

Falamos das perguntas:
Objetivas
De contexto
Infratexto
Intertexto

Assim, partimos para a leitura do texto da página 136, “A expansão da pobreza nas cidades”. Quando terminamos a leitura do texto, pedi a cada cursista que escrevesse uma pergunta de acordo com os critérios estabelecidos anteriormente. Elas encontraram muita dificuldade em organizar as perguntas, exceto a Professora Ariaine, que “ficou” com a pergunta objetiva e concluiu logo sua tarefa, com sucesso. A Professora Andréia formulou uma pergunta, mas precisou retomá-la. Conversamos e ficou esclarecido que as perguntas de contexto precisam ser contextualizadas e o assunto perguntado deve ser retomado na pergunta. Assim ela também produziu sua pergunta contextualizada.

Oficina de perguntas: Texto “A expansão da pobreza nas cidades.”
Pergunta objetiva
“Por que, no Rio de Janeiro, a pobreza da população era logo identificada pela cor da pele dos escravos?”

Pergunta de contexto
"De acordo com o texto o impacto das populações pobres nos grandes centros urbanos foi muito grande, criando um “inchaço”, um número crescente de pessoas vivendo em espaços desorganizados e pequenos, implicando, obviamente, péssimas condições de vida para boa parte delas. Como você analisa que a população já existente nesses locais recebeuesse aumento de moradores?"

A Professora Rosely é a perfeccionista da turma. Está sempre preocupada com a excelência. Isso gera sempre muita expectativa. Ela ficou ansiosa demais então foi preciso dar um tempo para o café. Já eram 10 horas e todas estávamos com fome. Assim decidimos voltar logo porque ainda teríamos uma longa jornada pela frente.

A Professora Carla também teve dificuldades com a pergunta. Falou que precisava de mais tempo para pensar e pesquisar. No final ela mandou a pergunta intertexto:

“O texto cita as cidades e a cultura urbana na 1ª república, nesta época o exôdo rural superlotou os centros urbanos causando vários problemas sociais. Esses problemas eram considerados "questões de política. Uma regra comum utilizada pelas indústrias era os baixos salários e a super-exploração do trabalho. Mas no dia 1º de maio de 1943 isso teve fim. O então presidente da época, Gétulio Vargas,sancionou uma lei que unificou toda a legislação trabalhista existente no Brasil.
Esta lei foi chamada de:
a- CLT
b- AJURIS
c- AUREA
d- ADIM

Aconteceu, durante a formação em Belo Horizonte, que a oficina de perguntas realizadas entre os formadores do Gestar II, deveria ter sido postada no blog, mas não foi. Então eu não tinha elementos muito concretos para me basear em dar parecer favorável ou desfavorável ao modo como elaboramos as perguntas. Conversamos sobre as perguntas e o modo como as fizemos e porque fizemos assim. E combinamos que eu, durante a próxima etapa de formação, conversaria com a professora Cátia, elaboraria a lista com as perguntas do modo como foram feitas e, caso a Professora sugerisse mudanças, eu as anotaria para discutirmos depois da semana de formação em Belo Horizonte (de 24 a 28 de agosto).

Havia ainda muito o que explorar no caderno, mas o tempo desapareceu e precisamos continuar a oficina. Passamos então para o planejamento da atividade da oficina: o plano de aula a partir da imagem apresentada no caderno 4, à página 220. Organizamo-nos em duas duplas e nos pusemos a trabalhar. Ao meio dia percebi que elas estavam organizando ainda seus pensamentos e começando nas primeiras tentativas de escrever seus planos de aula no papel pardo. Então ficamos mais meia hora para dar tempo de elas terminarem.

As duas equipes apresentaram sua produção. Foi um momento muito especial porque elas fizeram com muita emoção a apresentação do trabalho. Falando sempre das dificuldades dos alunos em sonhar. A professora Rosely declarou que estimula muito seus alunos a cultivarem sonhos a respeito de suas vidas pessoais e suas realizações profissionais.

As Professoras Ariaine e Andréia demonstraram uma preocupação muito grande com as oportunidades oferecidas aos estudantes, já que elas trabalham em escolas da Zona Rural de Esmeraldas e lá os jovens tendem a seguir a profissão dos pais.

Após as apresentações colocamos os cartazes com os planos de aula elaborados por elas no mural, encerramos a primeira etapa dos trabalhos e fomos almoçar. Martinha caprichou no almoço e almoçamos todas juntas. Partilhamos momentos muito agradáveis ainda com a presença da Diretora da Escola em nosso grupo.

Então nos preparamos para mais uma jornada ...

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