Amigos Conquistados

sábado, 16 de outubro de 2010

CARTA ABERTA DA COMUNIDADE FAFICH e UFMG Voto Dilma em Defesa da Ética, da Justiça Social e da Diversidade

Disponível em: https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dGhsZFdfUXZYd3RnN0lubzh1NElfMFE6MQ para ser preenchido on line.


Consideramos que a ética, na condução de uma campanha política, não pode ser ultrapassada por uma simples vontade de vencer. Chegar ao poder a qualquer custo nos impossibilita de percebermos os limites éticos necessários para a condução da política. É preciso reafirmar a crítica aos modos autoritários, desonestos e elitistas de se fazer política como um caminho necessário para mantermos o respeito pelas conquistas históricas que nos constitui como povo.

Apesar de toda a violência instalada na constituição do estado brasileiro, precisamos identificar as forças progressistas que alimentam o desenvolvimento e a autonomia do povo brasileiro. Todos nós somos co-responsáveis pelos modos como os preceitos básicos da cidadania neste país são sustentados. Consideramos que a ética na condução da política, a justiça social e o respeito à diversidade humana são parte fundamental destes preceitos e, por isto, cada um de nós precisa se conscientizar de seu papel na superação dos entraves que impedem a expansão destes princípios.

Estas eleições trouxeram mais uma vez à baila a discussão alguns dos chamados temas polêmicos ou controversos. Embora de modo espetacularizado e simplificado as discussões sobre aborto, reconhecimento da união entre pessoas do mesmo sexo e outros, trouxeram a tona toda densidade dos valores morais de nossa sociedade. A discussão em torno destes temas nunca será consensual, estes são temas polêmicos de difícil consenso e, por isso, estão afeitos ao legislativo onde a diversidade que nos constitui encontra seu lugar de disputa, embates e negociações.

De forma despolitizada e descontextualizada estes temas têm sido utilizados de todas as maneiras pelo candidato José Serra para atacar sua adversária, Dilma Rousseff, em total desrespeito às discussões, disputas e negociações que a sociedade brasileira vem tendo ao longo de muitos anos de nossa história. Estratégias como esta nos mostram como a velha política, ultraconservadora, na qual as versões antecedem está viva, pronta para se reciclar a cada instante, se recusando relegar seu vigor ao passado, este passado mesmo que histórica e cotidianamente lutamos para superar.

É nossa força de mobilização em torno do que acreditamos e defendemos que dita a força com a qual estes temas chegam ao nosso legislativo. Exigir que uma candidatura a presidência da república fique refém de disputas sobre as quais não pode decidir, porque este não é seu papel em uma democracia, é no mínimo desconhecer as funções do poder executivo em uma república e uma grave distorção ética na disputa eleitoral.

Neste contexto, esta campanha toca em uma questão fundamental para a democracia que são as relações entre o executivo e o legislativo. A candidatura José Serra, pelas formas que vem utilizando para tocar sua campanha e adentrar o espaço público brasileiro, anula uma boa parte de nossa historia de conquistas democráticas desde a proclamação da república em 1889.

Sem uma proposta programática, o candidato José Serra impõe uma gramática menor e mesquinha ao debate político atacando conquistas elementares de uma nação. Uma nação que custou muito para incluir a diversidade dos modos de ser e de viver em sua pauta política, embora esteja longe de incluí-la de fato. Uma nação que lutou pela liberdade de seus poderes e que gradativamente têm se constituído como um espaço de respeito à cidadania.

É importante recordarmos que em um curto espaço de tempo saímos de uma sociedade escravocrata para uma nação que busca o reconhecimento da diversidade racial e o respeito da diferença; da relação Estado/Igreja para autonomia do Estado laico e as liberdade e tolerância religiosas; da invisibilidade da mulher a um duro e ainda inconcluso processo de conquistas na esfera pública; do lugar do preconceito, da discriminação e da violência para com os “diferentes” para a legislação de garantia dos direitos individuais.

A justiça social é fundamental para um país que se quer desenvolvido e em busca de um papel relevante no cenário mundial. Portanto, nestas eleições o que queremos é a manutenção e a ampliação do espaço democrático que todos nós conquistamos. A ética na prática da política e uma ética da política, em uma campanha eleitoral, pressupõem o embate de projetos de nação. Precisamos nos apoiar em projetos que devem ser maiores que interesses eleitoreiros e oportunistas de última hora.

Repudiamos, pois, todo tipo de “campanha” construída e mantida neste diapasão, que enfraquece, empobrece e limita a tomada de consciência dos eleitores/as do Brasil, assim como cerceia e omite da opinião pública as condições de enfrentar, de fato, o debate que interessa à nossa nação democrática. Assim, defendemos que as políticas de estado de promoção da igualdade racial sejam realmente efetivadas em nosso país, que as políticas públicas para as mulheres, crianças e adolescentes sejam aprofundadas e expandidas, que as políticas da área fundamental dos direitos humanos, em sua variedade e diversidade, venham, de fato, a compor de modo propositivo a nossa agenda governamental, aquela que deverá ser responsável por dar continuidade à construção de um futuro realmente democrático e republicano para todos os cidadãos e cidadãs brasileiras/os como está estabelecido no Artigo 3º da nossa Constituição Federal de 1988:
“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. (CF 1988).

Acreditamos que é a candidatura de Dilma Rousseff aquela capaz de, neste momento histórico, dar prosseguimento às conquistas por direitos com a efetiva expansão da justiça social e o reconhecimento de nossa diversidade, um movimento que apenas começamos a identificar no Estado laico brasileiro. É esta agenda aquela que será capaz, de fato, de reconhecer a força dos diferentes atores e atrizes sociais de nosso país e garantir-lhes o empoderamento social que reivindicam por direito e que devem ser experimentado na prática por uma questão ética, de solidariedade e de justiça social.

Um comentário:

  1. Bom dia, minha amiga!
    Hoje é sábado! Espero que não esteja na escola, mas em casa, namorando, porque professora também merece, né?
    Passo por aqui para convidá-la a visitar aquela página de que lhe falei. Como não gosto de ficar postando links em blog alheio, mando para o seu e-mail.
    Por lá, as informações e discussões acerca do atual quadro político e eleições estão muito boas e vc encontrará artigos ótimos. Também poderá interagir rapidamente com outros usuários.
    Beijão,
    Cida.

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