Amigos Conquistados

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Greve: necessidade da categoria, luta de poucos, omissão de alguns, vitória de todos.

A viagem começou cedo. Eu saí de casa às cinco e meia da manhã para chegar a Betim no horário combinado. Encontro com os amigos, festa, esperança no olhar e no coração. Partimos animados. Pelo caminho encontramos outros amigos, esperançosos como nós. Cada um com a sua história, com a sua dificuldade e com a sua dignidade.

A chegada a São João Del Rei e o encantamento. Enquanto pela BR 040 encontrávamos um ônibus com quarenta trabalhadores de determinada cidade, uma van ou outra, na chegada à cidade eles foram se somando. Não sei quantos. Só sei que eram tantos que eu não podia contar. Cada um trazendo mais um tanto de amigos. E todos com o coração batendo mais forte, como o meu. Uma festa. Moradores nos paravam na rua para perguntar de onde viemos: Juiz de Fora, Esmeraldas, BH, Betim, Arcos, Congonhas, uma infinidade de lugares, uma infinidade de pessoas.

Somos tantos. Tantos que acreditam em justiça, em um país que faça cumprir as leis, em um país que respeite os direitos dos trabalhadores da Educação. Todos eles. Não fui à São João Del Rei passear. É claro que percebi que a cidade é linda, limpa, organizada. Também vi a estátua de Tiradentes, vi a faixada de algumas igrejas, andei por algumas ruas que imaginei históricas. Meu grande interesse era a Assembleia. As informações acerca do movimento.

Quem não foi, perdeu. Quem ainda não aderiu à greve também está perdendo. Perdendo uma grande oportunidade de lutar contra a injustiça e contra a desvalorização da categoria.

A transferência da sede política e social da capital Belo Horizonte para São João Del Rei foi de uma grandeza simbólica nem sempre comum nesses dias de banalização de tudo o que há de ético e poético no país.

O resultado é que continuamos em greve por tempo indeterminado. A próxima assembleia da categoria será dia 29/04, em Belo Horizonte. O governo parece não se preocupar que os estudantes praticamente não tiveram aulas em abril. "Eu quero ver o governador viver com o salário de um educador".

segunda-feira, 15 de março de 2010

16 de Março: Paralisação Nacional. Em Belo Horizonte vamos inaugurar a Cidade Administrativa

Para os que trabalham em Belo Horizonte e região metropolitana a mobilização se dará na Cidade Administrativa Aeciolândia, a partir das 14 horas.

Já que ninguém foi convidado para a inauguração oficial da Tancredolândia, com direito a interpretação tão emocionada do Hino Nacional na voz da conterrânea Fafá de Belém e também pela oportunidade única de ouvir Canção da América, na voz de Milton Nascimento, agora vamos todos nós, trabalhadores da educação, tomar posse da tão bela e tão bem planejada cidade administrativa.

O cordel: Oficina livre.

Ainda no dia 12 de setembro, após o almoço, nos reunimos novamente para o estudo da literatura de cordel e suas aplicações em sala de aula. Assistimos a vários vídeos sobre a lenda do Cabeça de Cuia e sobre a Literatura de Cordel. Esta atividade era parte do trabalho que viria a seguir:

Utilizando pincéis, tintas, bandejas de isopor, cola, estilete e criatividade passamos para a segunda parte de nossa oficina. Com base na Lenda do Cabeça de Cuia, criamos a Lenda do Cabeça de Fogo e, para ilustrar a lenda, produzimos um carimbo, utilizando as bandejas de isopor e todo o material que fora providenciado.

Levei para as cursistas um carimbo que eu tinha construído a partir da Lenda do Rio Amazonas e elas gostaram muito. Eu já havia experimentado também, com os alunos dos 6ºs anos, um trabalho de carimbos a partir de trava-línguas, sugerido no AAA5. Levei para elas observarem e elas consideraram um trabalho muito interessante.

Texto coletivo:
A lenda do cabeça de fogo.

O povo não acredita
Em história de cachaceiro
de vaqueiro e pescador

E diz que toda mentira
tem um fundo de verdade
se dita por muita gente.
E uma história de verdade
contada como brincadeira
Por mais real que pareça
Nunca será verdadeira.

Existe história lendária
Que com tempo ganha fama

Há muitos anos atrás
Existiu em Minas Gerais
Um pinguço, um cachaceiro
Chiva era seu nome
Cresceu sem religião
Sem pai e sem irmão
Sua mãe muito velhinha
Sem mágoa no coração.

Chiva, o preguiçoso
Não aprendeu trabalhar
E, devido a bebedeira,
Danava a esbravejar.
Vivia ameaçando
Dava soco, dava gritos
Agredia a todo mundo
Os outros eram malditos.
Sua mãezinha chorava
Muito tristonha a velhinha.

Sem esperança na vida
Em sua pobre casinha
O sofrimento do filho
sem trabalho e sem vontade
de dar a volta por cima
Vendo o filho em desespero
A bebida o consumia
Sem ter sorte na vida
A mãe se compadecia.

Mais uma vez a cachaça
E Chiva chegou zangado
Não tinha arrumado trabalho
E irritado bebeu
muito mais do que podia
E xingava todo mundo.
Sua mãe, que culpa tinha?
Mas ela lhe disse: - Filhinho
Não pense mais em mazela
E tome um café com pão.

Nervoso, tinhoso, ficou
Foi lá no fogão à lenha
E pegou de uma panela
Sentou na cabeça dela.
A pancada muito forte
Levou a velhinha à morte.
E de tão desesperado
Chiva ficou azul.
Com a cabeça amassada
E muitos dentes quebrados
Só lhe restou mesmo um.

Em desespero sombrio
Nem pensou no que fazia
E enfiou sua cabeça
No meio da brasa que ardia
E o povo, muito assustado
batizou "Cabeça de Fogo"
o monstro azul do povoado.
E a sombra da maldição
acompanhou-o para sempre
a partir daquele dia.

Após a produção textual e também da imitação da xilogravura (carimbo na bandeja de isopor), passamos a uma conversa breve a respeito de algumas formas de utilizar o trabalho com a literatura de cordel em nossas turmas do Ensino Fundamental. Um comentário que me deixou muito satisfeita foi o seguinte: "Sempre achei que seria muito difícil realizar uma atividade como essa em sala de aula. Vejo agora o quanto me enganei".

Encerramos a atividade e marcamos o próximo encontro para o dia 26 de setembro. A ideia principal era encerrar os estudos do TP6 e iniciar os estudos do TP1.


Os vídeos utilizados estão nos endereços eletrônicos abaixo. Além deles, foi também utilizada uma apresentação em power point produzida pela Professora Simone, de Brumadinho que, generosamente, compartilhou de seu trabalho maravilhoso com todos os formadores do Gestar II, da região de Belo Horizonte.
http://www.youtube.com/watch?v=OTxEL9lptW4

http://www.youtube.com/watch?v=9c5wlJCfm1g

quarta-feira, 3 de março de 2010

BBB 10




É a vida. Fico até meio sem graça quando vejo todo mundo falar (mal) do BBB. Na verdade podem falar à vontade porque é um assunto que não me diz respeito. Não me interessa nem um pouco. Não toco nesse assunto durante minhas aulas, meus alunos nem conversam comigo sobre isso. Na verdade nem considero o BBB um assunto. É mais uma falta de assunto que qualquer outra coisa. A única coisa que me chateia é ver o Pedro Bial envolvido nisso.

Tem muita situação por aí que é igual ou pior ao que se vê na tv, na "casa". Uma dessas coisas é observar, nas escolas nas quais trabalhamos, ser nomeado um diretor por ele ser "da panela" do prefeito, mesmo que o tal diretor não tenha competência para isso ou que ele não tenha qualquer vínculo funcional com a escola. Coisas como problemas que enfrentamos todos os dias em nossas escolas como a discussão pífia de um piso salarial pífio de 40 horas semanais ou de até 40 horas horas semanais. Ou de um processo de avaliação de desempenho cheio de incoerências e intransparências. Coisas assim tão importantes que as pessoas não costumam questionar.

Programas como o BBB devem servir para alienar o povo que, no caso dos professores, em vez de discutir salário, melhores condições de trabalho, reivindicar direitos já adquiridos e exigir o cumprimento da lei (de todo aquele monte de leis sobre educação, pois a única lei que parece existir naquela LDB é a lei dos 200 dias letivos), fica muito preocupado em saber e em "votar" no próximo eliminado do programa. Pão e circo para o povo.

Não é preciso desespero. Todo mundo tem um controle remoto nas mãos. É só desligar a tv e procurar um livro pra ler. Meu amigo Ronald diz que a tv é um demônio. Eu não ligo. Não vivo sem tv. Mas também não assisto BBB. Ponto final.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Navio Negreiro

Precisei baixar do youtube este vídeo para produzir um podcast. Fiquei apaixonada pela voz de Caetano nessa homenagem fantástica ao maravilhoso Castro Alves. Lindo!

www.youtube.com/watch?v=fwRu0MoxfRw

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Vida Maria"

Depois daquele banho fantástico que foram os encontros de formação do Gestar II, em Belo Horizonte e aqui em Esmeraldas, não dava mais pra voltar pra fórmulas das aulas de antigamente. Não dava e não dá. Então é preciso reconstruir a prática todos os dias. Sem tempo para planejar um trabalho interdisciplinar fica muito difícil. Mas a gente vai se encontrando na sala dos professores e vai tentando organizar as ideias a partir do que cada um tem para trabalhar e vai também trocando experiências.
Já deu pra perceber que, neste ano letivo, os estudantes estão menos agitados. Não há casos muito graves de indisciplina, pelo menos não aqueles casos gravíssimos como tivemos o ano passado. Também não tive a oportunidade de ficar com nenhum 6º ano. O Professor José Maria, meu colega de Português, ficou com as quatro turmas.
A Escola Municipal João José dos Passos é linda, mas não tem equipamento algum. Uma pena. Não tem retroprojetor, não tem projetor, não tem uma biblioteca que funcione direito, não temos livro didático, (o que não é tão terrível assim), não tem copiadora. Ontem mesmo, pra que a professora pudesse exibir um longa pras turmas de 8º ano foram 40 minutos só pra achar a chave da sala onde fica a tv e o dvd. Mesmo assim tem gente que fala "édifícil é um predin". Ah, depois de um incêndio que causou um estrago daqueles em uma unidade da rede, agora podemos contar com extintores de incêndio.
Mesmo assim, antes do carnaval, trabalhei com o curta do Márcio Ramos, Vida Maria, com duas turmas de 9º ano, duas turmas de 7º ano e uma turma de 8º ano. A primeira coisa que eles estranharam foi o formato "curta". Foi a primeira vez que eles tiveram contato com esse gênero. E, quando eles pensavam que o filme ia começar, o filme acabou. Alguns ficaram, em um primeiro momento, muito frustrados. Um deles comentou que um comercial da coca cola dura mais que o filme. Então decidimos que precisamos de uma pessoa ligada ao cinema para falar mais para nós sobre o que é um curta.
Conversamos muito sobre o que é uma "vida maria". Muitos estudantes, em grupos de três ou quatro, sugeriram o que é preciso fazer para não ter uma vida dessas. Então sugeri que cada grupo produzisse um gênero textual baseado no filme. Os estudantes criaram muita coisa legal. Uma produção que muito chamou minha atenção foi um "informativo". A equipe criou personagens que, após assistirem ao curta, tiveram seus depoimentos registrados. Houve até uma depoente que não quis ser identificada.
Surgiram cartas ao prefeito de alguma cidade do Ceará (eles procuraram no Atlas) para que ajudasse Maria com escola, posto de saúde, emprego, bolsa-família... surgiram convites para assistir ao curta, surgiram re-contos com final feliz para a história de Maria. Alguns grupos queriam escrever para Maria, no entanto desistiram porque ela não sabia ler e também não havia ninguém que pudesse ler para ela (eles imaginaram isso). Queriam aconselhá-la a não ter tantos filhos.
Ainda surgiram gêneros inusitados como capas para o dvd, um vídeo editado no movie maker (com direito a papel de parede e trilha sonora) e outro editado no power point, com fotos sobre o sertão do Ceará. Claro que mostrei os trabalhos mais relevantes em todas as salas. Alguns grupos, depois de assistirem aos dois vídeos, comentaram: Por que não fizemos nosso trabalho assim? Escolhi alguns trabalhos para fazermos a revisão textual.
Eu senti que estava no caminho certo quando um dos estudantes do 8º ano perguntou quando é que eu iria começar a dar matéria para a prova porque até agora ele não tinha nada no caderno de Português. Falei a ele que não se preocupasse porque estava dando tudo certo, melhor do que eu havia planejado.
Esse trabalho com o curta "Vida Maria" durou 5 horas aula. E ainda proporcionarei a revisão de um texto. Falamos sobre direitos humanos e algumas leis que protegem as crianças e os adolescentes. Nada muito aprofundado. Falamos sobre a Constituição, o ECA, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O direito à Educação, moradia digna, acesso à saúde. Foi muito produtivo. Muitos temas serão retomados no decorrer do ano letivo, pois não dá pra falar tudo em um trabalho como esse. A experiência com o curta foi muito interessante. Assim que passarem os feriados de Carnaval trabalharei com eles Meow, o gato que bebe refrigerante.
Para o pessoal que não vive longe da gramática informo que trabalhei com eles substantivo e adjetivo [(revisão. Será?). Note-se que no título do curta o substantivo Maria é utilizado como adjetivo. Isso aí já dá pra fazer uma monografia].
Bom, a postagem já está maior do que eu e nem deu pra falar tudo. Depois eu conto como foi legal um trabalho realizado na primeira semana de aula, dias 03, 04 e 05 de fevereiro, com o vídeo do Zeca Baleiro, Salão de Beleza.
Bom ano letivo aos amigos gestadores desse Brasil afora. Beijos e a abraços da Silvia!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Atendimento Pedagógico 2010

Muitos blogs estão em clima de despedida e de saudade. Aqui em Esmeraldas, nada disso. Estamos trabalhando muito para concluir os "portifilhos", projetos de intervenção e dar conta de 20 horas de estudos presenciais. Algumas oficinas ainda nem foram postadas aqui no blog.
Então no dia 19/01 parti em busca de duas cursistas que moram na sede do município para prestar atendimento pedagógico. Levei o portifólio de Ariaine para mostrar às duas e elas ficaram encantadas com o trabalho da Professora-Cursista. Uma questão que ficou evidente foi a de que cada portifólio é diferente. Cada um fica parecido com as mãos de quem o fez. Apesar de ajudar muito ver um portifólio pronto ficou claro que nenhum ficará igual ao outro.
Com uma terceira cursista do programa tenho mantido contato por telefone. Enquanto a maioria das professoras preferiu entregar o trabalho em formato digital (cd), ela preferiu organizar o portifólio e entregá-lo encadernado. Está também em fase de conclusão.
Uma notícia boa: A Secretária de Educação, Professora Jane Diniz, convidou-me para continuar o Gestar II, em 2010. Como não sou de correr da luta aceitei na hora e coloquei-me à disposição do Programa e da Secretaria, caso haja Professores da rede interessados em participar da formação. É esperar pra ver. Penso em convidar o Rafael, formador de Matemática, para expor os portifólios e os projetos prontos na reunião com professores que a Secretaria de Educação promoverá no início do ano letivo de 2010. É uma forma de divulgar o trabalho que fizemos em 2009 e estimular os colegas a participar.
Abraços para os amigos e amigas do Gestar II. Não deixem de postar nos blogs. Tenho visitado vocês mas nem sempre é possível deixar comentários. É só por causa de problemas técnicos.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Para começar bem 2010




Depois que iniciei o módulo de acolhimento do curso de pós-graduação fiquei um pouco mais ousada no uso das tecnologias da informação. As cursistas daqui de Esmeraldas enviavam uns arquivos por e-mail que eu nunca conseguia abrir. E ficava pensando em como fazer para abrir e ler o que elas enviavam. Não tinha nem coragem de perguntar pra alguém como fazer para conseguir ler esses arquivos. Depois que a gente deixa de ser analfabeto digital desenvolve uns escrúpulos nunca antes imagináveis. Acho que é o desconfiômetro que liga. A gota dágua foi quando a Ariaine, a cursista da Escola de Urucuia, entregou-me o portifólio e o projeto que ela construiu com a Adriana, Professora-Cursista de Matemática.


Quem disse que o computador abriu o cd? Eu, que já tinha comprado o notebook, tinha certeza que o aquivo abriria. Não abriu. É linux. Não abre nada. E agora? Perguntei pro Google. Nem sabia direito o que perguntar. Apenas desconfiava que o programa era 2003 e eu precisava de um programa 2007. Achei! O Senhor Google me disse que eu precisa apenas instalar uma coisinha que daí por diante eu não teria mais problemas quando abrisse arquivos mais recentes.


Esse Gestar... Não para de me ensinar as coisas que eu preciso aprender!Instalei a coisinha e abri o cd. Que bela surpresa. Como dizem os mineiros: "Quascaí"(quase caí). O portifólio da Ariane ficou lindo! Fiquei muito emocionada de ver um trabalho tão bonito por eu saber, além de outras coisas, do trabalho que deu pra fazer. Eu acompanhei de muito perto essa gestação. Na mesma hora liguei para ela, para parabenizá-la pelo excelente trabalho.


A Ariaine Alves Costa foi a cursista mais presente nas oficinas. Ela acompanhou o curso desde a primeira reunião. Pontual, dedicada, muito competente. Organizadíssima, como poucas pessoas conseguem ser, ela construiu um projeto interdisciplinar com a Cursista Adriana, de Matemática. Quando eu fiz a visita em Urucuia, em outubro, percebi o carinho e o respeito dos estudantes e da comunidade pela Professora e o compromisso dela na aplicação das atividades para a construção dos relatórios.


É o Gestar transformando.


Tentei de tudo para encerrar as oficinas junto com o ano letivo. Percebi que muita coisa ficaria para trás. Então, após conversar com as cursistas, optamos por terminar em fevereiro. Assim poderei fazer as visitas nas escolas e acompanhar a consolidação dos projetos de intervenção. Durante esse período também acompanharei algumas cursistas que ainda não conseguiram terminar os portifólios, entre outra ações.

Não sei com ficará o Gestar II aqui em Esmeraldas. Ainda não conversei com a Coordenadora do Programa, Mariana. O que há de concreto é a falta de interesse do corpo docente do município em participar do Programa. Por isso não tenho esperanças de que a formação continue. O que é lamentável. Até o momento está previsto apenas que terminemos o que começamos com as quatro cursistas que ficaram: Andrea, Ariaine, Nolfira e Rosely.

Participar desse Programa foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida profissional. E a melhor maneira de começar bem o ano é agradecendo. E a melhor maneira de agradecer é por em prática tudo o que aprendi com meus amigos do Gestar, com os formadores da UNB, Professora Catia, Professora Cida e Professora Rosa Olímpio. Há também os blogueiros do Norte, do Sul, do Sudeste, do Centro Oeste e do Nordeste. Gente de todos os cantos do país que se encantou no embalar dessa rede poderosa que é o Gestar II.
É 2010 que chega cheio de esperanças. São poucas as certezas: a mudança da lua, a maré em movimento, o dia e a noite. Tudo é um vir a ser. Há muito que se construir. Antes, minhas mãos estavam vazias. Agora tenho ferramentas que me proporcionam a esperança na constução de um mundo melhor. Tenho companheiros que querem também essa construção. Não estou mais sozinha e sei por onde começar. Mãos ao trabalho!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Gestar II: Seminário de Avaliação



O último encontro do ano dos formadores de Minas Gerais com os formadores da UNB aconteceu nos dias 23 e 24 de novembro. Foi um momento de celebração de resultados. A hora do encontro foi também da despedida e todos estavam muito emocionados com essa perspectiva.

Muitas novidades, muitos resultados positivos, muitos desafios e uma emoção muito grande em relatar todas as conquistas. Os projetos apresentados pelos formadores municipais como um dos resultados do Programa Gestar II em cada cidade são apenas o começo: ideias muito interessantes para implementar um ensino produtivo da língua materna na escolas.
Chamou a atenção o trabalho desenvolvido pela formadora Darcy, no município de Lavras, onde, em um de seus projetos, intitulado "História da cidade de Lavras contada nos ônibus", os estudantes visitavam transporte público vestidos como personagens que se destacaram no município, conversando com a população e emocionando os moradores mais antigos e todos os envolvidos no projeto.

Em Morada Nova, a formadora Ana Maria, desenvolveu com suas cursistas um projeto de leitura trimestral, onde grupos de estudantes foram responsáveis por apresentar livros aos companheiros e à comunidade escolar em geral. Os estudantes se organizavam em forma de recitais, teatro, dança. Qualquer forma de arte que pudesse traduzir o livro para a plateia.

As formadoras Cecília (Matemática) e Rogéria (Português) do município de Martinho Campos e a formadora Rita de Itabirito optaram por desenvolver um projeto relacionado as Tangran. Justificaram essa escolha pela oportunidade de envolverem a interdisciplinaridade como norteadora do projeto. Aprendendo com o tangran os estudantes de diversas escolas puderam socializar seus conhecimentos através do teatro, da construção de maquetes, da produção textual ilustrada por figuras formadas pelas peças do tangram... Uma verdadeira festa.

A formadora Carmen, de Almenara, seguidora deste blog, trouxe, para socializar, o projeto Novena Literária. O objetivo é oportunizar a todos os membros da família a leitura de um livro. Após o término da Novena Literária todos se encontram para as apresentações de um livro por família. O mais interessante desse projeto é que não são os estudantes que apresentam o livro, mas alguém da comunidade familiar: um tio, o pai, a mãe, os avós... A formadora relatou que esse projeto foi de grande aceitação pela comunidade escolar pois os familiares dos estudantes se emocionaram muito com essa presença na escola para falar de uma experiência tão interessante.

As formadoras Hasla e Regina, de Contagem relataram o respeito e o carinho da Prefeitura para com o Gestar II. Grácia e Helenice, de Betim e eu, de Esmeraldas, relatamos nossas dificuldades em conciliar o programa com o calendário de reposições de aulas devido à gripe h1n1 e ao movimento sindical por melhores salários e condições de trabalho em nossos municípios.

Ainda teve a Solange, de Nova Resende, a Cidda, grande amiga, de Caetanópolis, que já terminou as oficinas do programa e todos poderão acompanhar seu trabalho maravilhoso através do blog que ela criou para esse fim. Teve o pessoal de Juatuba, com a competência da Cláudia e do Islander. A professora Beatriz, de Alfenas, Maria Helena, da cidade de Cláudio, as formadoras Lívia e Rosane, de Guaranésia, a formadora Luciene, que trouxe um banner do tamanho de Araçaí. A Selma e a Valdete, de Divinópolis. Por último a formadora Simone, de Inhotim, que apresentou um excelente trabalho com os cursistas do município, baseado na literatura de cordel.
Uma das certezas que permeou o seminário de avaliação foi o acerto na escolha do material do programa. Todos afirmaram o quanto ele é interessante e pertinente ao trabalho dos professores de língua materna.

Uma das maiores dificuldades, apontadas pelo grupo, foi a ausência da Universidade, na pessoa do formador responsável pelos formadores municipais. Dificuldade superada pelo compromisso, pelo entusiasmo, pela solidariedade entre os formadores de todo o país.
O mais importante dessa "gestação" toda foi perceber que a Educação, no país, tem um longo caminho para ser percorrido mas muitos educadores comprometidos com ela já deram seus primeiros passos. E, muito mais importante que os primeiros passos foi ter a Universidade de Brasília como aquela que nos proporcionou uma segurança infinita nessa caminhada.

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Gestar II e as bolsas do MEC

O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar está terminando a primeira etapa em Minas Gerais. Os polos de Belo Horizonte e Montes Claros concluíram os seminários de avaliação nos dias 23 e 24 de novembro. O empenho dos professores formadores municipais e estaduais foi visível. Já o desempenho de algumas secretarias de educação do Estado foi incompatível com a proposta do Programa.
A UNB proporcionou um momento único na vida dos Professores Formadores. Estes trouxeram aos Seminários as emoções vivenciadas em cada oficina planejada, em cada conhecimento gestado e em cada projeto interdisciplinar construído pelos Professores Cursistas e iniciado nas escolas.
No meio de tanta emoção e de tanto empenho há uma pergunta que não quer calar: Onde está a bolsa? Com a resolução número 35, publicada em 13/07/2009, todos os formadores tinham esperança de receber o auxílio antes de o Programam acabar. Não foi o que aconteceu. E o MEC calou-se por completo. Informaram na etapa de agosto que pagariam em outubro. Depois informaram na etapa de novembro que a bolsa seria paga em dezembro. E, nesse jogo de empurra não sabemos de qual ano será esse dezembro.
Apesar de ser tudo maravilhoso: os cadernos, as atividades, as propostas consistentes de um ensino rico e variado da língua materna, o enfoque no trabalho com gêneros textuais e na metodologia de projetos interdisciplinares, nada pode se comparar ao descaso do MEC para com os formadores, no que diz respeito à bolsa.
Fico imaginando o que estará sendo feito desse dinheiro pois se a resolução já foi publicada (em julho) os recursos existem. E se eles existem por que não chegam nas mãos de seus verdadeiros donos, que são os formadores do Gestar II? Com esses escândalos que voltaram a acontecer não é bom nem pensar.
E não adianta o MEC dizer que a responsabilidade é da UNB porque todo mundo sabe que controlar pagamento de bolsa não é função da Universidade, mas sim do FNDE. A UNB repassa os relatórios, avalia os formadores, promove a formação e controla a frequência dos professores. E o MEC? O que o MEC andou fazendo durante esses nove meses de "gestação"? Porque aqui em Esmeraldas meus kits só chegaram em agosto.
É lamentável que um país que tenha por meta melhorar a educação trate seus professores dessa forma. Até hoje não comprei um livro sequer porque meu salário base de 660 reais não me permite. O notebook que eu precisei foi o meu pc, que eu carreguei em cima da minha moto, pra cima e pra baixo, durante esses nove meses. Ainda tendo que arrastar, de vez em quando, monitor, caixas de som, teclado e mouse. A Pérola, minha moto, ganhou até uns arranhões por causa disso.
Lamento pelas palavras duras. Apesar disso não guardo mágoas. O que eu conquistei com o Gestar II vai muito além dessa bolsa de 4.000,00. Mas certas coisa precisam ser ditas. E para os amigos que conquistei através do Programa só posso dizer que até agora nenhuma notícia sequer, boa ou má. A culpa deve ser do sistema, vocês sabem.